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Caminhos da Reportagem investiga a doença de Chagas

Programa apura subnotificação dessa enfermidade

O Caminhos da Reportagem denuncia que a doença de Chagas não foi erradicada do país na matéria especial inédita desta quinta (16), às 21h45, na TV Brasil. A produção jornalística esteve no Pará, no Recife e em Goiânia para consultar médicos, profissionais de saúde e pacientes.

O programa revela como essa doença negligenciada prejudica a população mais pobre. A ideia é desmistificar boatos e esclarecer sobre diagnóstico, formas de tratamento e convívio com essa enfermidade. A produção alerta ainda para a falta de notificação dos casos crônicos.

Descoberta há mais de cem anos, a doença de Chagas é considerada a mais brasileira das enfermidades tropicais. Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apontam que de 8 a 10 milhões de pessoas vivem com a doença em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de 1 a 5 milhões de pessoas com doença de Chagas. Seis mil pessoas morrem por ano no país devido às complicações crônicas da doença.

Ao dar voz a pessoas que vivem com a enfermidade, o Caminhos da Reportagem pretende mostrar que a doença de Chagas não ficou no passado. Ela não foi erradicada e ainda existem pessoas sendo infectadas.

Formas de contágio dessa doença negligenciada

A transmissão da doença pode ocorrer de três formas: pela via oral, pelo vetor e de mãe para filho. "A doença é uma infecção causada por um micróbio, um micro-organismo chamado trypanossoma cruzi, um protozoário, que é transmitido por um inseto que se alimenta de sangue, que é chamado popularmente de barbeiro", explica Rogério Gurgel, professor do Departamento de Medicina Tropical da Universidade de Brasília. A doença pode afetar o coração, o intestino e o esôfago.

A doença de Chagas é considerada umas das doenças negligenciadas, um grupo de doenças tropicais endêmicas, especialmente entre as populações pobres da África, Ásia e América Latina. Ela foi descoberta em 1909 pelo cientista brasileiro Carlos Chagas.

Para o cardiologista e coordenador do ambulatório de doença de Chagas da Universidade de Pernambuco, Wilson de Oliveira Junior, trata-se, pela classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de uma doença extremamente negligenciada.

"Realmente ela não é democrática, ela é extremamente antidemocrática porque atinge só a população pobre. E é uma doença que é gerada pela pobreza e causa mais pobreza", afirma o médico, também idealizador da Casa de Chagas, o primeiro ambulatório do mundo totalmente dedicado ao tratamento da doença de Chagas e ao acolhimento de pacientes.

Exemplo de iniciativa em Pernambuco

A equipe de reportagem da TV Brasil esteve no Recife para conhecer esse ambulatório, conversar com médicos e com pacientes que vivem com a doença. Uma dessas pessoas é Manoel Mariano do Nascimento, de 71 anos.

Diagnosticado aos 30 anos, Manoel foi um dos fundadores de uma associação de pacientes de doença de Chagas e continua trabalhando como voluntário na Casa de Chegas que fica na capital de Pernambuco.

Ele vive com a doença e orienta outras pessoas que enfrentam as dificuldades trazidas pela enfermidade. "É o prazer de ajudar meus irmãos porque muitos chegam lá chorando, aperreados" diz o entrevistado, contente em conseguir, de algum modo, apoiar e acolher outros pacientes.

O Caminhos da Reportagem esteve também em Abaetetuba, no Pará, onde apresenta a realidade de duas famílias que foram infectadas com doença de Chagas com o consumo de açaí.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2005 e 2013 foram registrados 112 surtos de doença de Chagas em 35 municípios da região Amazônica. Desse total, 75,9% ocorreram no Pará.

Notificação de casos crônicos em Goiás

A produção também vai até Goiás, um dos dois estados do Brasil, junto com Mato Grosso do Sul, que faz o teste para doença de Chagas em gestantes. Na capital, a equipe de reportagem da emissora pública explica como a doença pode ser transmitida de mãe para filho.

O estado de Goiás também é o único do país que faz a notificação dos casos crônicos, ou seja, de pacientes que já possuem a doença há alguns anos. “Nós estamos fazendo, mas quem mais está fazendo notificação do crônico? E mesmo assim, nós notificamos quem? O crônico que nos procura. E o que não nos procura? Quem é ele?”, questiona o clínico geral Cecílio Alves de Moraes, do Hospital das Clínicas, hospital de referência para doença de Chagas em Goiás.

Além da falta de notificação dos casos crônicos, um outro problema que especialistas apontam para o cuidado dessas pessoas é a falta de conhecimento sobre a doença, tanto pela sociedade quanto pela classe médica.

Essa falta de conhecimento implica em dificuldade para diagnóstico e tratamento. Uma pesquisa da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras Brasil, realizada em cinco cidades do país em 2015, aponta que 32% dos profissionais médicos das unidades de atenção básica em saúde não sabiam oferecer o diagnóstico para doença de Chagas e menos de 14% sabiam oferecer o tratamento adequado.

Para a pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Andreia Silvestre, uma das entrevistadas do programa, o Brasil precisa conhecer esses indivíduos que têm doença de Chagas, saber quem são e quantos são, para, a partir daí, produzir o tratamento adequado.

"A gente precisa ter um olhar para esses milhões de pacientes que foram acometidos pela doença de Chagas no passado e que não receberam o tratamento adequado e que hoje têm que conviver com a doença crônica", declara a especialista.

Serviço
Caminhos da Reportagem – quinta-feira (16), às 21h45, na TV Brasil
Caminhos da Reportagem – domingo (19), às 20h, na TV Brasil

Da Gerência de Comunicação Institucional
Empresa Brasil de Comunicação - EBC
Contato: (21) 2117-6818

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Criado em 14/08/2018 - 15:45 e atualizado em 14/08/2018 - 15:45

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