A arte urbana ainda divide opiniões, mas é inegável que as cidades estão ficando cada vez mais coloridas. O fascínio pelo spray reúne artistas de todas as idades e estilos. Em comum, eles têm o desejo incansável de afirmar a liberdade de expressão. O Caminhos da Reportagem mostra o universo do grafite, suas fontes de inspiração e a rua como ateliê dessa galera.
A equipe de reportagem consultou diversos especialistas sobre as raízes do grafite e verificou que, desde o começo dos tempos, homens e mulheres usam as paredes para manifestar suas indignações, angústias e aspirações. “Seria o homem deixando uma marca de sua passagem pela vida. Uma expressão humana”, define o artista plástico Celso Gitahy.
O programa reúne registros históricos dessas manifestações, como o “Maio de 1968”, quando estudantes de Paris picharam os muros da Sorbonne com palavras de protesto contra o então presidente, Charles de Gaulle. Também destaca a chegada da cultura Hip Hop no Brasil, muito influenciada pelos jovens do guetos de Nova Iorque, nos anos 1970. E consolida duas vertentes sociológicas do grafite: como “instrumento de inclusão social” e também como “arte urbana”, que saiu das ruas e chegou às galerias.
O Caminhos mostra ainda que, nos últimos anos, o grafite deixou de ser território essencialmente masculino e se tornou ferramenta de empoderamento feminino. No Rio de Janeiro, a REDE NAMI é uma organização não governamental que busca promover os direitos da mulher por meio da arte urbana. Elas usam o grafite como forma de comunicação para falar de uma maneira lúdica sobre temas como violência doméstica e igualdade de gênero. “Esse negócio de ocupar o espaço público é o mais importante de ser mulher e estar no cenário da arte urbana”, defende a grafiteira J-Lo Borges, do grupo.
Em São Paulo, o artista Alexandre Orion usa a sujeira da poluição para desenhar caveiras nos túneis da cidade. Já o artista Tec usa drones para registrar suas intervenções no asfalto. Este Caminhos da Reportagem confere o efeito desses grafites na paisagem urbana.
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