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Nosso próprio tempo

Caminhos da Reportagem conversa com jovens para tentar entender como

Caminhos da Reportagem

No AR em 26/12/2016 - 10:46

Lucas e Luciana são jovens empreendedores
É difícil definir a juventude... A pesquisadora do Fundo de População das Nações Unidas, Anna Cunha, pondera: “será que um jovem branco de classe média urbana tem a mesma experiência, as mesmas oportunidades que uma jovem negra de periferia?”.

Ainda assim, algumas características são comuns. Esses jovens querem autonomia, liberdade para criar, se relacionar e trabalhar. São imediatistas, ansiosos, participativos e têm uma maneira própria de lidar com as questões políticas, por exemplo. De forma geral, foram foram formados por famílias mais acolhedoras e valorizam o compartilhamento e as experiências. No Brasil, representam ¼ da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e vivem, principalmente, nas áreas urbanas. A escolaridade aumentou, em relação à geração anterior, mas ainda assim, apenas 16% chegam ao ensino superior.

Mesmo tendo seu próprio tempo, uma geração não se define somente pela idade, mas também pelo contexto social, histórico e político que a compõe. “Nós nunca vamos ter uma geração completamente diferente da outra geração anterior, porque a geração hoje que tem entre 15 e 29 anos, por exemplo, ela também convive com os pais, com os avós, com pessoas de outras faixas etárias. Então, ela também é influenciada por essas outras gerações, assim como os mais velhos também são influenciados pelos mais novos”, explica Wivian Weller, professora da Universidade de Brasília (UnB).

Hoje, no entanto, os jovens priorizam a satisfação pessoal, ao contrário de seus pais, que são de uma geração que trabalhava em busca de segurança financeira. Procuram empresas que investem em bem-estar e no crescimento dos funcionários ou preferem trabalhar por conta própria, como fez o designer e artista visual Mauro Martins. Depois de passar por estúdios e agências de publicidade, Mauro decidiu trabalhar em casa, por conta própria. “Como funcionário eu tinha que trabalhar da forma que a empresa acreditava que era o jeito certo. Então eu percebi que muitas vezes eu me sentia frustrado porque eu não me sentia aproveitado como eu poderia ser. Eu sentia que eu tava me adaptando demais e fazendo de menos o que eu podia fazer de melhor”, conta.

Para o filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella, a sociedade fica marcada pelo tipo de jovem que ela tem hoje e pelo que ele poderá fazer no futuro. “Se nós formarmos gerações que tenham uma capacidade de decência, de competência, né, de vida coletiva, de solidariedade, de inventividade, de inovação, nós teremos uma sociedade que não envelhece, ela apenas vai no tempo. Mas, uma sociedade que castra, sequestra a palavra, a percepção dos seus jovens, ou, por outro lado, os deixa soltos, os deixa indisciplinados, essa sociedade terá como resultado mais adiante a fragmentação da capacidade de vida coletiva e de sucesso”, afirma.




Reportagem: Mariana Fabre
Produção: Mariana Fabre e Beatriz Abreu
Apoio à produção: Aline Beckstein (SP) e Vanessa Casalino (SP)
Edição de texto: Francislene de Paula e Suzana Guimarães
Imagens: André Pacheco, Sigmar Gonçalves e Rogério Verçoza
Auxílio técnico: Edivan Viana, Alexandre Souza e Dailton Matos
Apoio às imagens: Eduardo Viné (SP), Leandro Oliveira (SP), William Sales (SP) e Wladimir Ortega (SP)
Edição de imagens e finalização: Henrique Corrêa
Arte: Dinho Rodrigues e Antonio Trindade
 

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Criado em 12/12/2016 - 18:27 e atualizado em 16/12/2016 - 22:01

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