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A mídia no 2° turno das eleições

O Observatório faz um balanço da cobertura da imprensa na eleição de

Observatório da Imprensa

No AR em 28/10/2014 - 22:00

A disputa apertada de Dilma Roussef nas eleições deste ano se refletiu no discurso conciliatório da vitória. Segundo analistas, a presidenta deve a partir de agora enfrentar um terceiro turno, tão ou mais difícil do que os outros. A previsão é de que ainda haverá novos atritos com a mídia, outro desafio depois da campanha mais acirrada desde a democratização.

O segundo turno das eleições começou com o agravamento dos ataques pessoais e da troca de ofensas entre os candidatos na propaganda eleitoral e nos debates. Militantes dos dois partidos levaram a decisão ao extremo e exacerbaram na rede. Destilaram ódio, agressões e preconceitos nas mídias sociais.

O polarizado cenário eleitoral ficou ainda mais conturbado com a publicação da matéria de capa da revista Veja com o doleiro Alberto Yousseff. Na reportagem, ele afirma que o Planalto tinha conhecimento das irregularidades e acusa a Presidente Dilma e o ex-presidente Lula de se beneficiarem do esquema. A Veja foi obrigada pela Justiça Eleitoral a conceder direito de reposta ao PT.

Neste programa, O Observatório faz um balanço da participação da mídia como protagonista nesta eleição e suas consequências para o processo democrático.

 

Editorial

Foi irresponsável a denúncia da revista “Veja” publicada na última sexta, dois dias antes do segundo turno das eleições presidenciais.

A informação de que a presidente-candidata, hoje reeleita, Dilma Roussef e o ex-presidente Lula sabiam das malfeitorias que ocorriam na Petrobrás, era suposição, mera hipótese sem qualquer sustentação factual. Único dado comprobatório, relacionava-se com um fato notório: naqueles dias o doleiro Alberto Youssef continuava o seu depoimento sigiloso perante o juiz, procuradores do Ministério Público e delegados da Polícia Federal. O resto da denúncia da revista está sob suspeição até que a integra da delação seja conhecida.

Esta premissa é elementar, básica, jornalística e jurídica. Mas a questão infelizmente, não se resume a ela. Há quatro semanas, preocupado com a inaudita exacerbação da disputa eleitoral, este “Observatório da Imprensa” resolveu encarar uma questão que parecia não estar nas cogitações da imprensa. Ouvimos o presidente do TSE, ministro José Antonio Dias Tóffoli, duas jornalistas, um cientista político, todos com larga experiência, que pareceram menos preocupados com a batalha campal que se desenrolava nos debates televisivos, na propaganda eleitoral gratuita, nas redes sociais, na blogosfera, nas casas, trabalho e rua.

Na mesma ocasião aventamos a hipótese de que o instituto da reeleição poderia ser o alimentador dos excessos, tanto assim que desde a adoção da elegibilidade de um presidente para novo mandato, pela primeira vez ela foi questionada.

O TSE acabou aderindo à preocupação manifestada por este observatório e nos últimos dias puniu alguns excessos do vale-tudo e até convocou representantes dos dois partidos que se confrontavam para desativar a tensão. O apelo funcionou no último debate, mas a estratégia da “desconstrução” sistemática contagiou decisivamente não apenas o processo eleitoral mas também o modo de conviver: o “outro” passou a ser um inimigo.

O vale tudo estimulou a revista “Veja” a fazer o que tem feito desde a deposição de Collor: acusar sem provas. A infração do semanário foi tão visível que desta vez o resto da mídia foi mais relutante em acompanha-la. Não se justificam, portanto, as provocações para colocar a imprensa no ringue político e no banco dos réus. A decisão do TSE exigindo do semanário pronto direito de resposta não foi contestada, porém foi considerada abusiva a proibição imposta à editora Abril de fazer propaganda da sua edição.
Neste momento estamos diante da oportunidade única de atender ao clamor universal por mudanças. Tudo nos empurra para avanços e aproximações. No caso da imprensa, a mudança depende de um tripé fundamental - pluralismo, transparência e respeito à constituição.




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Criado em 27/10/2014 - 19:52 e atualizado em 03/11/2014 - 18:19

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