Pauta:
O Observatório da Imprensa especial sobre os 50 anos do Golpe Militar vai revelar o papel de um dos protagonistas da queda do ex-presidente João Goulart: a mídia. Vamos mostrar como a imprensa passou de parceira nos primeiros meses do mandato de Jango à mais feroz combatente do presidente.
Longe do distanciamento que hoje é uma imposição, os jornais dos anos 1960 inflamavam a opinião pública. E levavam para as ruas a posição política de seus proprietários.
Em tempos de Guerra Fria, parte dos jornais via em Jango o perigo comunista desde o princípio, enquanto outros deram um voto de confiança ao presidente mas acabaram rompendo quando o governo optou pela radicalização.
Na reta final do mandato de Jango, poucas publicações ainda apoiavam o presidente. A maior parte dos jornais assumiu o tom panfletário. E foi surpreendida quando a esperada quartelada se converteu em uma ditadura que durou 21 anos.
No próximo episódio, vamos contar como o endurecimento do regime afetou a imprensa e provocou a morte de diversas publicações.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Com uma liga de chumbo, Gutenberg fez os primeiros tipos móveis. O chumbo derretido foi a matéria prima da tipografia. Com chumbo, fundiam-se letras, palavras, ideias e também se faziam balas, projéteis. Seu peso converteu o chumbo em sinônimo de opressão.
Para lembrar os 21 anos de chumbo da ditadura militar e a aviltante censura por ela instaurada, trazemos a imagem do chumbo quente, o perigo liquefeito, enganosamente molhado, mortal.
No início, todos os golpes se parecem. Como já acontecera antes, o golpe de 1964 começou como uma quartelada para depor um legítimo chefe de Estado e, poucos dias depois, já era uma ditadura: acanhada nas primeiras horas, logo ostensiva e, em seguida, esticada ao longo de mais de duas décadas.
Este golpe diferencia-se dos anteriores porque ocorreu em plena era da informação - ou da desinformação. Foi um golpe preparado e apoiado majoritariamente pela imprensa, logo depois transformada em sua vítima e dócil escrava.
Quando, no ano passado, o jornal O Globo surpreendeu ao reconhecer como equivocado o apoio ao golpe de 1964, admitia que grande parte da imprensa brasileira, além de apoiar a derrubada do presidente João Goulart, apoiou a ditadura nela incubada.
Gesto ímpar, infelizmente sem seguidores, que, no entanto, poderá inaugurar o capítulo da diversidade na história da nossa imprensa. A unanimidade, além de burra, foi a causadora desta tragédia.
Estas edições especiais sobre o golpe de 1964 tentam o modelo de história oral para reconstituir um período em que a imprensa, além de testemunha, foi também participante.
Dos Telespectadores:
José Carlos Porto Nascimento
Quero parabenizar a TODA a equipe de jornalismo da TV Brasil pela cobertura dos 50 anos do golpe militar de 1964. A série exibida dentro do "Repórter Brasil" foi muito esclarecedora. Fiquei emocionado com o Alberto Dines no "Observatório da Imprensa". A série de programas do "Caminhos da Reportagem" foi excelente. Também quero lembrar os ótimos debates nos programas "Ver TV" e "Três a Um". Por último, o ciclo "50 Anos do Golpe" foi maravilhoso. A TV Brasil deu um banho de jornalismo. Parabéns.
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
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Arquivo dos programas anteriores à 29 de maio de 2012
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