Pauta:
A criminalidade nas grandes cidades brasileiras ganhou destaque na mídia nos últimos dias. Em São Paulo, um protesto no Ceagesp, terceira maior central de abastecimento do mundo, terminou com cinco pessoas feridas, veículos e prédios incendiados. No Rio de Janeiro, o atendimento desastroso de policiais a uma mulher baleada em uma favela em Madureira, chocou a sociedade. As imagens de Cláudia Silva Ferreira sendo arrastada por um carro, presa ao porta-malas, durante o trajeto para o hospital, foram divulgadas pelo site do Jornal Extra e replicadas em todo o mundo. Especialistas e autoridades foram unânimes em repudiar a degradação e o desrespeito à vida e à dignidade humana por parte dos policiais cariocas.
A política de segurança do governo do Rio de Janeiro, que tem o projeto das UPPs como maior objetivo, está sendo confrontada pelos traficantes nos últimos meses. Eles tentam retomar à força o território nas comunidades, antes dominadas pelo narcotráfico.
Para debater o assunto, Alberto Dines conta com a participação do coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da UFRJ, Michel Misse; da antropóloga e cientista social Jacqueline Muniz e do analista criminal, Guaracy Mingardi.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
O rebaixamento da nota do Brasil pela Standard and Poor foi manchete hoje nos mais importantes diários do país. A avaliação é macro-econômica, certamente passageira, mas quando uma ONG mexicana coloca o país com mais municípios no ranking mundial da violência, estamos diante de uma situação que, talvez, só poderá ser corrigida em uma ou duas gerações. Não foi manchete, porque estatísticas são frias, mas a brutal reação do crime organizado à política de pacificação das comunidades vulneráveis é uma ameaça concreta, palpável, imediata.
A contra-ofensiva da bandidagem veio atrasada, mas veio forte, está forte, vai continuar. E a polícia, despreparada, infiltrada, continua a atuar de forma tacanha e brutal. A morte da faxineira Cláudia da Silva Ferreira, atingida por um tiro e arrastada por um carro da polícia, resume tragicamente o novo capítulo da violência urbana.
A contra-ofensiva do crime não ocorre apenas no Rio de Janeiro ou São Paulo. O tal ranking indica dezesseis municípios brasileiros no grupo dos cinquenta mais violentos do mundo. Maceió é o quinto, Fortaleza o sétimo, Salvador o décimo terceiro. Você está chocado? Tem mais: o campo de batalha não se restringe ao Nordeste e ao Norte: Vitória é o décimo quarto do ranking e Belo Horizonte o quadragésimo quarto.
O Estado brasileiro não admite esta ameaça à integridade do seu território e à segurança do seu povo. No início de abril, um contingente de quatro mil homens do Exército ocupará o estratégico complexo da Maré, no Rio, e lá permanecerá o tempo necessário. O reforço dará às polícias militar e civil a oportunidade para corrigir-se, livrar-se da banda podre e retomar a iniciativa.
Não se pode esquecer que o crime organizado é o filho bastardo dos políticos sem escrúpulos e das milícias paramilitares. E este aviltante casamento só pode consumar-se quando a mídia se distrai e esquece sua função de fiscalizar poderes, denunciar abusos e proteger a cidadania. O papel da imprensa não é badalar eventos e promover celebridades.
As máfias só prosperam onde a imprensa só se preocupa com a própria prosperidade.
Dos Telespectadores:
Telefonemas:
Marcus Bonder, Araruama / RJ – Agricultor
Dines, você não acha que a violência é uma questão endêmica porque está mais concentrada nas periferias e favelas onde existe mais disparate social? Não existe falta de qualidade e estrutura da segurança pública?
Lucia Helena Machiolli, Vila Velha / ES – Educadora
Parabéns pela qualidade dos debates e pela contribuição que a tv pública está dando ao assunto da violência com esse debate.
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
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