Pauta:
O Observatório da Imprensa desta semana vai analisar a repercussão da entrevista da apresentadora Xuxa ao quadro “O que vi da vida” do Fantástico, em que surpreendeu a opinião pública ao declarar que foi vítima de abuso sexual durante a infância e a adolescência. A exposição de um fato tão traumático gerou reações imediatas, tanto solidárias quanto críticas.
O programa vai debater a importância de celebridades exporem questões delicadas de suas vidas pessoais nos meios de comunicação. Trata-se de uma contribuição à sociedade, fazendo com que a mídia aborde o tema e informe a população? Ou o fato pode gerar uma onda de sensacionalismo?
Alberto Dines conversa com o secretário-executivo da ANDI, Veet Vivarta, com a antropóloga Debora Diniz e com o psicanalista Eduardo Ferreira-Santos. O programa também ouviu a opinião da jornalista Daiane Garcez e do psicanalista Chaim Samuel Katz.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
No momento em que a sociedade brasileira se dispõe a pagar o alto preço da busca da verdade, a apresentadora Xuxa Meneghel entra em cena com uma contribuição corajosa e penosa.
A confissão que fez no programa Fantástico, há 10 dias, sobre os abusos sexuais de que foi vítima quando criança até a adolescência chocaram o país. A sociedade cordial, complacente e despreocupada, de repente, foi obrigada a defrontar-se com uma violência que não parece rara, mas teima em ignorar.
O fato desta violência ter ocorrido numa família da classe média, aparentemente estruturada e distante da miséria que geralmente associamos à promiscuidade, torna ainda mais dramáticas as revelações da apresentadora.
A extraordinária repercussão acionou um movimento de respeito e solidariedade em todos os escalões e esferas, chegando à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ministra Maria do Rosário. Não faltou a dose habitual de chacota e cinismo atribuindo-se o gesto de expor tão cruamente sua vida íntima a uma compulsão marqueteira de quem está no show-bizz.
O deboche não colou: no programa seguinte foi lembrado outro caso, no interior de São Paulo, envolvendo um pai, advogado, defensor de direitos humanos, que durante anos brutalizou não apenas a filha, também um filho menor.
Esta violência não é isolada, ela nos remete às revelações de pedofilia em entidades religiosas e à noção de que o pecado pode ser amenizado no confessionário.
Xuxa sacudiu uma sociedade que não gosta de ser sacudida nem incomodada. A imprensa tem o dever de ajudá-la a derrubar a hipocrisia.
Dos Telespectadores:
E-mails:
Marcelo Lopes, Porto Alegre / RS
Do comentário/editorial de abertura do programa: "...longe da miséria que geralmente associamos à promiscuidade." Que absurdo! Me exclua deste "nós" e pare de alimentar esta discriminação social, trágica e endemicamente impregnada na sociedade brasileira. Achei revoltante.
Rui de Souza, Osasco / SP – Cineclubista/Documentarista
Deixo aqui meus parabéns à TV Brasil por esse enriquecedor debate. Lamento apenas o alcance do mesmo.
Luiz Carlos Furtado
O impacto psicológico do abuso tem um outro lado dificílimo que mistura a culpa com o possível prazer que a pessoa abusada eventualmente sentiu, tornando a situação ainda mais perversa.
Telefonemas:
Paulo Abenza, Rio de Janeiro
Será que se o programa da Xuxa não estivesse em decadência, ela teria feito essas revelações?
Osvaldo Dalvi, Brasília / DF
O nome do advogado da OAB não deveria ser revelado?
Felipe Calarge, Campinas / SP
As leis do Brasil são rígidas contra os abusadores como as dos EUA?
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
Participe
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