Pauta:
O Observatório da Imprensa da próxima semana vai debater a segurança nos estádios de futebol, a partir da morte do adolescente boliviano, atingido por um sinalizador disparado pela torcida do Corinthians durante uma partida pela Copa Libertadores da América, em Oruro, na Bolívia.
Alberto Dines e seus convidados analisam de que forma a mídia pode contribuir para a paz entre as torcidas, no momento em que o Brasil sediará dois eventos mundiais: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para isso conta com a participação dos jornalistas Tim Vickery e Jorge Luiz Rodrigues e do sociólogo Mauricio Murad.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A tragédia não aconteceu aqui, foi na vizinha Bolívia. O morto não é brasileiro, mas os responsáveis por sua morte são torcedores do Corinthians, que foram a Oruro assistir ao jogo da copa Libertadores armados de um sinalizador. Queriam comemorar os gols do seu time e mataram um adolescente de 14 anos, Kevin Espada.
Torcidas organizadas são tropas de choque, não usam armas mas são militarizadas. As torcidas organizadas precisam ser dissolvidas e abolidas. Os clubes são responsáveis por estas gangues uniformizadas mas a mídia não tem coragem de exigir drásticas punições porque não quer perder leitores, telespectadores, ouvintes. E enquanto o futebol não for enquadrado pelo estado e os cartolas processados criminalmente, as tragédias continuarão ocorrendo.
Somos condescendentes com tudo que envolve o futebol - aceitamos a sua corrupção, somos complacentes com a sua violência, insensíveis à incúria e à irresponsabilidade dos dirigentes esportivos porque o Estado brasileiro permite a imunidade do Estado futebolístico. Um Estado dentro de um Estado, regido por outras leis e outra moral. Apenas o hino é igual.
A farsa de apresentar um menor de idade como responsável pela morte do jovem Kevin e assim livrá-lo de punições adequadas e severas não depõe apenas contra a torcida da "Gaviões da Fiel", depõe contra a hipocrisia de nosso modelo de sociedade e escancara uma violência entranhada que já não é mais possível esconder.
Dos Telespectadores:
E-mails:
Eduardo de Melo Salgueiro, Amambai / MS
Acredito que a imprensa tem parcela de culpa, sobretudo a esportiva, com a "glamourização" do torcedor fanático. É como se o clube fosse mais importante que tudo, como aquelas loucuras de alguns torcedores que abandonam seus empregos ou se endividam para acompanhar seu "time de coração" em algum país distante. O pior não é isso, mas o interesse do jornalismo em exagerar nessa pauta, ou, insisto, glamourizar a "loucura" / "bando de loucos". Como diz José R. Torero, "A glamourização do torcedor fanático é lucrativa para muita gente".
Telmo Aguiar, Palmas / TO – Professor de Matemática
Na minha opinião, a violência nos estádios só vai acabar quando de fato houver uma punição severa a esses travestidos de torcedores que nada mais são do que delinquentes. É necessário também uma revisão da maioridade penal, pois o ECA só serve para proteger crimes cometidos por esses adolescentes. E onde ficam os pais daqueles que morreram por causa desses adolescentes escondidos na capa de torcedores? Para mim, torcedor é aquele que vai ao estádio e, independentemente do resultado de seu time, ao acabar o jogo vai para casa e não vai armar emboscadas como se fossem um grupo de para-militares.
Telefonemas:
Araci Santos, São Paulo
Antigamente, as torcidas não se enfrentavam desse jeito. Por que não voltar a misturar as torcidas novamente?
Rogério Barbosa, Natal / RN
O sociólogo Mauricio acha que essa violência nos estádios remete ao período da Roma Antiga, dos gladiadores?
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
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