Assim como no cinema e na televisão, a literatura também tem seus bastidores. Um personagem essencial para que o livro fique pronto nas mãos dos leitores é o editor. Para falar sobre as atribuições desse profissional no mercado editorial e a sua relação com os autores, o apresentador Raphael Montes recebe o jornalista Carlos Andreazza no programa Trilha de Letras desta quinta (13), às 21h30, na TV Brasil.
"O principal papel do editor é pensar a carreira do autor, o cojunto da obra, como contruir uma trajetória, pensando numa ascensão do escritor", define Andreazza. "O editor precisa ter humildade sobre o seu papel: você é, na melhor das hipóteses, um coadjuvante de luxo no trabalho do autor", completa.
Durante o papo, Carlos Andreazza, que é editor, debate com Raphael Montes, que escreve literatura policial, os limites da sua atuação no trato com os escritores. "O editor é aquilo que o autor quiser. Essa é uma máxima fundamental", resume o convidado.
"O profissional precisa ser maleável e entender a necessidade específica do autor, a natureza de cada projeto e participar da forma que for mais conveniente. Em determinado livro, o autor precisa que você seja um leitor mais presente, firme e crítico. Em outros, ele entrega o conteúdo pronto", explica ao destacar a importância de estar disponível para o diálogo.
Outro assunto durante a entrevista inédita diz respeito à literatura de ficção nacional que, em geral, não alcança os leitores brasileiros. O editor é enfático ao defender sua argumentação. "A literatura popular é uma expressão maravilhosa, mas nem deveria ser usada. Toda literatura deveria ser popular".
Para Andreazza, a empatia entre leitor e escritor deve ser natural. "Existem autores importantes que dizem 'Eu não escrevo para o leitor'. Nisso pressupõe a compreensão desse camarada, ele não vai admitir, que o leitor não está nem aí para ele", brinca. "Há espaço para obras de ficção eruditas, autorreferente", pondera.
O editor ainda comenta a tiragem e os valores dos livros hoje em dia. "É falácia dizer que o preço baixo resulta em venda. Não é verdade. O público leitor não aumenta no Brasil", opina.
Carlos Andrezza também traz dicas para os jovens autores. "Se o livro não é bem apresentado, não está bem escrito e as ideias não estão claras é porque aquele autor, ou melhor, aquele livro não está pronto para ser entregue ainda", analisa o experiente editor que também sugere que o escritor persista diante do primeiro "não".
Essa edição do programa Trilha de Letras ainda apresenta o depoimento do editor Jorge Viveiros de Castro e a perspectiva da escritora Beatriz Bracher sobre o tema que pauta o debate desta semana.
Serviço:
Trilha de Letras – Carlos Andreazza – quinta-feira (13), às 21h30, na TV Brasil.
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