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Sem Censura completa 25 anos

Em entrevista exclusiva para o site da TV Brasil, Leda Nagle fala

Leda Nagle

O Sem Censura, comandado pela jornalista Leda Nagle, está completando 25 anos. Um programa especial e diferente, com 120 convidados entre artistas, músicos e profissionais de diversos setores, está marcada para esta terça-feira (21), a partir das 16 horas, na TV Brasil. Estarão presentes entrevistados que ajudaram a construir a história do programa, que, na edição especial, terá o Pão de Açúcar e a Baia de Guanabara como cenário.

A voz rouca, a risada gostosa e os bordões, como o "se Deus quiser", no final de cada edição, já viraram marca registrada do programa. Enquanto se prepara para o Especial, Leda recorda o início de sua participação no Sem Censura e fala do futuro do programa.

Qual o segredo da longevidade do Sem Censura?

O fato de ser um programa simples, de recebermos pessoas de diferentes segmentos, de ser muito democrático e, por isso mesmo, misturar todo o tipo de pessoas. Um programa que bate no coração dos telespectadores, que presta serviço, informa e educa sem chatear. A simpatia, a simplicidade e a multiplicidade dos assuntos é que fazem dele o sucesso.

A multiplicidade de assuntos e o compromisso com a formação da cidadania, isso tudo, junto, faz o diferencial do programa. É todo dia fazer o melhor e informar.
Leda Nagle

Leda Nagle

Qual é, na sua opinião, o diferencial do Sem Censura?

Acho que a química dos diversos assuntos e a liberdade que tenho de fazer programas diferentes. Um dia com variedade nos assuntos, no outro um programa especialmente dedicado a alguém ou grupo, como foi o do Roupa Nova ou do Lima Duarte, ou da Dercy Gonçalves. A multiplicidade de assuntos e o compromisso com a formação da cidadania, isso tudo, junto, faz o diferencial do programa. É todo dia fazer o melhor e informar. Ajudar ao consumidor fazendo com que ele conheça o seu direito. Ajudar a pessoa que precisa de mais informações sobre uma doença para que, quando chegar no médico, tenha mais esclarecimento e facilidade para compreender.

Quem você entrevistaria novamente? Alguém que lhe marcou durante todo esse tempo que está a frente do programa?

Eu gosto tanto de entrevistar que entrevistaria todo mundo de novo! Eu acho que uma entrevista nunca é definitiva. Eu aprendi, com o tempo, que nenhuma entrevista é definitiva. Todas podem melhorar, todas podem ser vistas por outro ângulo, todas podem ter um outro lado.

Tem alguém que você não entrevistaria?

Tem! Mas eu não vou te contar nem morta, nem sob tortura!

Leda Nagle

E quem você ainda gostaria de entrevistar?

Ah, claro, o Roberto Carlos, adoraria! Eu sou muito seduzida pelo bom entrevistado, entendeu? Um médico, por exemplo, pode trazer o assunto mais difícil do mundo! Mas, se ele é competente e domina o assunto, é um prazer ouvir. Exemplo: célula embrionária ou então célula tronco regenerativa. A princípio você fala: "Meu Deus, como vou traduzir isso para o português?". Mas, o traduzir isso para o português é o que me dá o maior prazer. Viajo mesmo, adoro!

Você tem usado mídias sociais como o Twitter durante o programa, o que as novas mídias modificam, alteram ou renovam no programa?

Ah, eu acho que é a comunicação mais imediata de todas. Quando eu cheguei aqui, há 15 anos, em abril de 96, dia primeiro de abril, e não era mentira, de 1996, o programa tinha só telefone. Colocamos o fax. Fomos sentindo que os telespectadores, sobretudo os mais velhos, foram acompanhando! Do fax, passaram para o email, e agora já estão no Twitter. Você precisa de muitos recursos para mandar um email. O Twitter, são 140 caracteres e pronto!

Leda Nagle

O que você projeta para o caminho dos próximos 25 anos do Sem Censura? Qual deve ser o caminho?

Ah, ficar cada vez melhor, sempre! Eu gostaria de interagir mais com os outros estados. O programa já possui um olhar nacional. Conta com a simpatia das pessoas. Isso é o nosso grande trunfo. A simpatia que ele tem junto ao público, e também e, principalmente, junto aos entrevistados.

Gostaria de deixar alguma mensagem para os telespectadores que acessam o site diariamente atrás de informações?

Assistam ao Sem Censura! Contem para os seus amigos da reprise, funciona muito isso, o boca a boca. Falem: "Olha, eu vi no Sem Censura...". Eu sei, porque na rua as pessoas falam muito isso comigo: "ai, minha mãe ligou e disse para eu ver! Ah, meu marido avisou que ia falar sobre tal assunto", enfim! Assistam ao Sem Censura, sempre!

A História

Leda Nagle na década de 90

Dia 1º de junho de 1985. O país mal saia do período de ditadura militar quando Fernando Barbosa Lima, diretor da TVE, teve a ideia de criar um programa que refletisse o clima da época: nascia o Sem Censura. Depois de 20 anos sob a mordaça da censura, nada melhor do que não sofrer com os ditames dos anos de chumbo.

"O programa foi fruto dessa transição, refletia a liberdade do momento. O ministro da Educação na época, Marco Maciel, deu total liberdade ao programa. A proposta era ser exatamente o que o nome invocava: um programa ao vivo, com mediação e com debates à vontade", explica Roberto Parreira, então presidente da Funtevê e um dos responsáveis pelo programa.

Censura política ele garante que não tinha. O que acontecia era que, por conta do porre de liberdade do período, às vezes cometiam-se excessos desnecessários. Parreira lembra da entrevista do Chacrinha, na qual ele falou tanto palavrão que no dia seguinte choveram críticas. "Precisava daquilo? Não precisava. O programa foi sendo moldado ao longo do tempo. Outra que "abusava" da liberdade era Dercy Gonçalves, como conta a ex-apresentadora Lúcia Leme: "Lembro-me que pedi a ela que usasse um palavreado mais leve por causa do horário. Parecia que eu tinha pedido o contrário. Aí ela soltou o verbo mesmo. Mas, na boca da Dercy, as palavras tinham outra conotação".

Lúcia Leme apresentou o Sem Censura durante 10 anos

Mario Morel foi diretor nos primórdios do programa e conta que chegou na TVE convidado por Parreira, quando o programa já estava no ar, mas ainda com o formato muito solto. "Comecei criando um roteiro para as entrevistas, um texto para a abertura de cada programa. Antes, tudo era improviso. Também comecei a dizer não para centenas de candidatos que queriam ser entrevistados. Como era uma emissora do governo, todos achavam que tinham o direito de aparecer. Mostrei que, dizendo não, o programa melhorava e conseguíamos melhores entrevistados", recorda.

Desde então, passaram pela bancada Tetê Muniz, Gilsse Campos, Lucia Leme, Marcia Peltier e Leda Nagle que, atualmente, está à frente do programa. Entrevistados por elas, nomes como Faustão, Jô Soares, Xuxa, Angélica, Paulo Coelho, Maria Bethânia, Miguel Falabela, Chacrinha, Borjalo, Ana Maria Braga, Hebe, Lenny Dale, Yvo Pitanguy, Tom Jobim, Nana Caymmi e Mercedes Sosa. Lucia, que teve a oportunidade de entrevistar as duas últimas, as destaca.

Márcia Peltier também passou pela bancada do Sem Censura

História para contar é o que não falta nesses 25 anos. Sandra Ney, que foi redatora nas fases de Lúcia Leme, Márcia Peltier e Leda Nagle relembra duas ocasiões: Ronaldo Fenômeno e padre Marcelo Rossi causaram tanto alvoroço que tiveram que fechar a rua. "Com Lázaro Ramos também foi engraçado, ele ainda não era muito conhecido e veio ao programa. Aí, ele disse: "Agora minha mãe vai saber que eu sou famoso", brincou ele, pois sua mãe sempre assistia ao Sem Censura".

Lúcia Leme também conta ótimas histórias sobre os 10 anos em que esteve à frente do programa. Em uma de suas últimas entrevistas, Ronaldo Bôscoli ficou tão nervoso que pediu um whisky para relaxar. Tom Jobim foi entrevistado e, sem paciência para esperar o fim do programa, disse que tinha um compromisso, levantou-se e foi embora: "O Tom fugiu. No final do programa encontramos com ele bebendo em um bar perto da emissora", lembra Lúcia.

Mas, a pergunta que não quer calar é: o que faz um programa ficar no ar durante tanto tempo? Para Sandra Ney, o sucesso é resultado de um programa "muito bem estruturado pelo Barbosa Lima, que tem um tom coloquial, como numa sala de visitas onde todo mundo pode conversar" e o fato de não ter um assunto fechado, mas sim, temas que variam. Já Parreira ressalta o talento das pessoas que o conduziram e a boa produção. E destaca que o Sem Censura é um "programa de Rádio na TV", já que as pessoas podem assistir sem ter que ficar em frente a telinha. "Quando tiver alguma coisa que te interesse, você vai olhar o que é", finaliza.



Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 16/09/2010 - 23:33 e atualizado em 16/09/2010 - 23:33

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