Na semana em que se comemora o aniversário de Machado de Assis, o Trilha de Letras debate o trabalho desse escritor que é um dos maiores gênios da literatura nacional e foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). O programa vai ao ar nesta quinta (29), às 21h30, na TV Brasil.
Para falar sobre a trama machadiana, o apresentador Raphael Montes recebe o escritor e crítico literário Silviano Santiago, especialista na literatura do Bruxo do Cosme Velho. Com propriedade, ele discute aspectos da vida e obra do homenageado. Também participam da atração com depoimentos o professor João Cezar de Castro Rocha e a pesquisadora Marta de Senna.
No estúdio do Trilha de Letras, Silviano Santiago comenta sua recente publicação "Machado", livro em que o crítico aborda os últimos quatro anos da vida do ilustre escritor. "O período compreende a época depois do falecimento da esposa Carolina. Nessa fase, Machado de Assis já estava presidente da ABL e escrevia seu grande e último romance, 'Memorial de Aires', que infelizmente é pouco lido", conta.
Silviano revela que buscou apresentar um panorama sobre o autor sob a perspectiva daquele tempo. "A vida de Machado de Assis vai se espraiando por vários setores profissionais e aspectos da história do Brasil e do Rio de Janeiro. Coincidentemente naquele momento se dá um tremendo processo de modernização da cidade com a construção da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco".
O convidado explica como essa concepção ajudou a definir um fio condutor para sua publicação. "Tentei abordar todos esses aspectos para que não fosse uma biografia no sentido estreito, aquilo que se confunde com verbete de biblioteca, mas algo que fosse muito mais amplo para compreender, obviamente, a abrangência do pensamento e da obra de Machado de Assis e, em especial, o seu olhar crítico sobre esses processos de modernização", reforça Santiago.
Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, a pesquisador Marta de Senna estuda a literatura de Machado de Assis e destaca a interação intencional do conteúdo produzido pelo autor com outras publicações. Ela explica como o autor se aproxima e se distancia dos textos da tradição com que dialoga.
"O aspecto da sua obra que mais me fascina é o diálogo que ele mantém com outras obras da literatura ocidental. Machado tem a capacidade de se apropriar do texto alheio e fazê-lo seu. A maneira mais habitual é desvirtuando o texto e descontextualizando determinada passagem da original e geralmente rebaixando-a a uma situação banal ou que causa riso", reflete a crítica que escreveu o livro "O olhar obliquo do Bruxo".
O professor João Cezar de Castro Rocha também emite suas impressões sobre a obra do autor homenageado. Ele enumera características do texto de Machado de Assis. "A capacidade de colocar no mesmo plano épocas distintas, posições filosóficas contrárias e pontos de vista do narrador que se opõem é uma das grandes marcas da literaturas machadiana", afirma o convidado. "Para Machado, nós poderíamos dizer, ler é escrever com os olhos. E escrever é uma memória da biblioteca", completa João Cezar.
Serviço:
Trilha de Letras – Silviano Santiago – quinta-feira (29), às 21h30, na TV Brasil.
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