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Um olhar sobre o mundo discute o desemprego no futuro

Moisés Rabinovici entrevista Paulo Feldmann no programa da TV Brasil


Em um futuro não muito distante, o tradicional "ninguém é insubstituível" pode ser completado por "uma máquina pode substitui-lo." É esse o aviso que Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e da Universidade Pécs da Hungria, dá aos espectadores do programa Um olhar sobre o mundo desta semana em depoimento ao jornalista Moisés Rabinovici. O professor, autor de "Robô: Ruim com ele, pior sem ele", relata os desafios e oportunidades proporcionados pela automação eletrônica nesta segunda (20), às 21h45, na TV Brasil.

Durante a entrevista, o professor faz uma previsão preocupante sobre o futuro do emprego no mundo com a substituição dos trabalhadores por máquinas, computadores e robôs em praticamente todos os setores da atividade humana. A fase da eletronização, palavra que explica o processo de substituição do que é mecânico pelo que é eletrônico, vai se acentuar nos próximos anos e agravar a situação do desemprego.

"A verdade é que existe uma ameaça concreta e alguns países estão muito preocupados e tomando medidas para se antepor ao que vem pela frente. As previsões de altas taxas de desemprego no mundo são assustadoras, com o crescente uso de eletrônicos para executar as mais diferentes tarefas", destaca o professor.

Segundo Feldmann, os estudiosos do tema preveem que em 2040 a taxa de desemprego no mundo pode ser da ordem de 70% da população trabalhadora. Ele disse que sempre existiu na humanidade um grande temor e resistência quando aparecem modernizações que impactam o sistema de trabalho e se refletem em desemprego. Ainda assim, ao longo do tempo, eliminavam-se algumas ocupações, mas surgiam novas em outros setores.

"Quando há 200 anos inventaram os teares para fazer tecidos na Inglaterra, havia movimentos de pessoas que perderam seus empregos e que na calada da madrugada invadiam as fábricas e destruíam as máquinas. Da mesma forma, quando Henry Ford inventou o automóvel, houve grandes protestos de cocheiros de charretes e carruagens em Nova York porque isso significava uma mudança nos meios de transportes e uma desocupação dos trabalhadores desse setor."

Dessa vez, no entanto, conforme explica Feldmann, a transformação causada pela nova onda tecnológica será tão radical e diferente que seus efeitos serão muito impactantes no mercado de trabalho de todos os países e em todos os setores. "A automatização está chegando a todos os setores e ao mesmo tempo", afirma Feldmann.

Segundo ele, há ainda um outro fator importante nessa nova era tecnológica. Nas mudanças anteriores, geralmente a máquina vinha para substituir a atividade braçal dos trabalhadores. Mesmo quando se trata de robôs, como os que existem hoje em grande quantidade na indústria automobilística, eles vêm sendo utilizados para fazer operações repetitivas que antes eram feitas por trabalhadores.

"A partir de agora, o robô passa a ter inteligência, passa a ter raciocínio cognitivo e consegue tomar decisões.", conta o professor. Isso significa que, a longo prazo, essas máquinas poderão substituir inclusive o trabalho intelectual. Para exemplificar, ele cita o exemplo de um computador desenvolvido pela IBM que é capaz de ler, em uma hora, com margem de erro de apenas 1 por cento, mil tomografias. Esse mesmo volume de exames exigiria, pelo menos, o trabalho de 20 médicos durante dois dias. Na previsão do professor, no Brasil, um dos caminhos para fazer frente ao atual e ao desemprego futuro está no empreendedorismo. Isso permitiria que as pessoas encontrassem ocupações por meio de iniciativas próprias.

Para um futuro mais distante, talvez dentro de 20 anos, nem mesmo o empreendedorismo será suficiente para conter o desemprego causado pela onda da chamada eletronização, com robôs e impressoras 3D. Aí, segundo prevê o professor e conforme apontam estudos realizados nos países escandinavos, a alternativa será que os governos taxem duramente as empresas fabricantes dos robôs e computadores e assegurem uma renda mínima para as pessoas desempregadas.

Nesse processo, a grande maioria dos países onde atualmente a mão de obra é farta e barata viverá muitos problemas no futuro, porque suas populações não serão mais procuradas pelos grandes fabricantes mundiais.

O Brasil, destaca o professor, terá uma vantagem nesse quadro do futuro por causa de sua biodiversidade. Ela permitirá que o país entre na nova era que sucederá a que está em curso atualmente e será a chamada "era das ciências da vida". Nessa nova era, que virá em duas décadas, serão privilegiadas a biotecnologia, a genética e a indústria farmacêutica.

"Nós somos um país que tem 25% da biodiversidade do mundo". Essa grande quantidade de plantas permitirá que inúmeros princípios ativos sejam extraídos para gerar novos medicamentos que prolongarão a vida e acabarão com doenças na nova era. "Se começarmos a nos preparar agora, podemos nos tornar uma grande potência nessa nova era", prevê o professor.

Sobre o programa

Com 40 anos de experiência, 16 dos quais vividos como correspondente internacional em vários países, o jornalista Moisés Rabinovici é o apresentador do programa Um olhar sobre o Mundo, transmitido semanalmente às segundas-feiras pela TV Brasil.

Antes de comandar esta atração da TV Brasil, Rabinovici  trabalhou na imprensa escrita e em emissoras de rádio. Para entrevistar seus convidados e tratar de inúmeros temas que são notícia, usa o conhecimento reunido em grandes coberturas internacionais, inclusive como repórter de guerra e analista de política.

Rabinovici, que em suas andanças pelo mundo já entrevistou grandes líderes e personalidades de vários países, recebe toda segunda-feira, nos estúdios da TV Brasil em São Paulo, especialistas, estudiosos e jornalistas para debater os principais acontecimentos do momento.

Serviço:
Um olhar sobre o mundo – segunda-feira, dia 20/8, às 21h45, na TV Brasil

Da Gerência de Comunicação Institucional
Empresa Brasil de Comunicação - EBC
Contato: (21) 2117-6818

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 20/08/2018 - 10:45 e atualizado em 20/08/2018 - 10:45

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