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Marajó além do cartão postal

A situação da ilha durante a pandemia e a solidariedade na crise

Caminhos da Reportagem

No AR em 02/08/2020 - 20:00

A Ilha do Marajó, no estado do Pará, já foi cantada em versos de carimbó e exaltada por suas belezas naturais. Mas o arquipélago de quase 50 mil quilômetros quadrados, na foz do rio Amazonas, também é cenário de pobreza, falta de saneamento e, agora, de dificuldades no enfrentamento da pandemia de covid-19. De seus 16 municípios, metade deles estão entre os 45 piores no Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, segundo o IBGE.

A pesquisadora Ima Vieira, do Museu Paraense Emilio Goeldi, coordenou um levantamento na região e a conclusão é de que a pandemia agravou ainda mais os problemas enfrentados pela população local, como a falta de saneamento básico. Segundo a pesquisadora, a água tratada atende 45% dos habitantes e apenas 6,3% tem coleta de esgoto. "Há municípios com mais de 50% da população sem instalação sanitária, os riscos da doença são enormes", alerta.

Criança ribeirinha mostra camarão pescado e que teve produção afetada por pandemia
Criança ribeirinha mostra camarão pescado e que teve produção afetada por pandemia - Divulgação

Com a disseminação do novo coronavírus, as principais atividades econômicas dos ribeirinhos reduziram ou foram até paradas desde que os primeiros casos foram confirmados na ilha. O fluxo de barcos de passageiros foi interrompido e algumas cidades ficaram sem acesso fluvial a Belém e Macapá, as capitais mais próximas do arquipélago. Como a taxa de desocupação e emprego informal é alta, hoje 20% da população está sem rendimento algum. "Falar de isolamento social para quem precisa buscar o sustento nas ruas todos os dias é muito difícil", conclui Ima Vieira.

Solidariedade

Uma parceria entre a Associação Paulista de Atacadistas e Supermercadistas e a rede Carrefour, com o apoio do governo federal, enviou no mês de junho para Afuá e Chaves, dois municípios da ilha, cerca de 15 mil cestas básicas para amenizar a situação das famílias mais vulneráveis.

O desemprego e trabalho informal cresceu durante a pandemia
O desemprego e trabalho informal cresceu durante a pandemia - Divulgação

O alimento foi levado pela Marinha. A equipe do Caminhos da Reportagem viajou a bordo da maior embarcação militar do norte do país para acompanhar a entrega das doações e viu de perto a situação da população do arquipélago. A realidade é pior no lado ocidental da ilha, onde o acesso é mais difícil e a chegada dos serviços públicos, mais complicada. As doações foram bem recebidas pelos ribeirinhos. 

Na comunidade de São Sebastião, os ribeirinhos estão praticamente parados, sem ter como vender o que produzem, segundo a líder comunitária Idelsa Lopes. Ela afirma que o auxílio emergencial do governo federal é que tem sustentado as famílias e a chegada das cestas básicas ajudaria na sobrevivência da população mais pobre. "Eu tenho certeza que tudo isso vai passar, eu só espero que nunca passe esse gesto tão bonito de solidariedade do povo brasileiro", afirma.

Ficha técnica
Reportagem e produção: Carlos Molinari
Imagens: Gilvan Alves
Auxílio técnico: Jairom Rio Branco Ferreira 
Edição de texto: Carlos Molinari e Carina Dourado
Edição de imagens e finalização: André Eustáquio
Arte: Pâmela Lopes

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Criado em 29/07/2020 - 11:25

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