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Transporte em tempos de coronavírus

Os riscos e as adaptações no transporte coletivo durante a pandemia

Caminhos da Reportagem

No AR em 09/08/2020 - 20:00

Entre as inúmeras preocupações que surgiram desde o início da pandemia do novo coronavírus está a situação dos transportes coletivos. Enquanto usuários e trabalhadores do setor se preocupam com os riscos de contaminação, as empresas alertam para os prejuízos causados pela queda do número de passageiros.

Durante as medidas de distanciamento social, as cidades brasileiras reduziram a oferta dos transportes coletivos e, com a flexibilização da quarentena, o retorno tem sido gradual. A equipe do Caminhos da Reportagem ouviu pessoas que dependem de ônibus, metrô, trem e de barcas para se deslocar. Conversou também com motoristas, cobradores, pesquisadores e especialistas em mobilidade urbana. Eles falam das preocupações, dos desafios e das adaptações que têm surgido desde março de 2020.

Apesar da redução do número de usuários do Metrô de São Paulo, a lotação nos horários de pico permanece
Apesar da redução do número de usuários do Metrô de São Paulo, a lotação nos horários de pico permanece - Divulgação

Para o coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da Universidade Federal de Santa Catarina, Bernardo Meyer, o transporte coletivo traz riscos de contaminação. “Se considerarmos o transporte aeroviário, o transporte sobre trilhos, metrô, trens e, principalmente, o transporte público de ônibus, nós vamos observar que eles têm uma capacidade de contaminação muito grande, porque aglomeram pessoas vindas de diferentes localidades. Elas sentam, pegam nas coisas, conversam, falam ao celular, respiram”, avalia.

Gabriel Nobre utiliza ônibus e tem medo de ser contaminado por causa do descuido de outros passageiros
Gabriel Nobre utiliza ônibus e tem medo de ser contaminado por causa do descuido de outros passageiros - Divulgação

O operador de segurança Gabriel Nobre mora em Samambaia, no Distrito Federal. Ele utiliza ônibus para chegar ao trabalho e observa que alguns usuários ainda não adotaram os cuidados necessários. “No ônibus eu confesso que a gente fica com um pouco de medo. Algumas pessoas ainda resistem em deixar os vidros abertos. Quem deixa de utilizar a máscara, o cobrador e o motorista tendem a pedir a utilização”, relata.

Assim como Gabriel, moradores da Ilha de Paquetá (RJ), também se preocupam com os riscos de contaminação no transporte. Com a pandemia, a quantidade de barcas que fazem o trajeto da ilha à cidade do Rio de Janeiro foi reduzida. “Na parte da manhã existe um aglomerado maior de pessoas que vão ao Rio para trabalhar. A barca geralmente é pequena, nunca mandam uma barca maior. É difícil o distanciamento social nessas condições”, alega Alfredo Braga, presidente da Associação de Moradores de Paquetá. 

Marcus Quintela, diretor da FGV Transportes, destaca as dificuldades do setor de transportes coletivos nas grandes cidades, como São Paulo. Ele acredita que reduzir o número de passageiros em cada veículo para garantir o distanciamento entre as pessoas não é uma solução viável. “Quem paga a conta? E a tarifa vai refletir isso?”, dispara. Para se ter uma ideia, até o final de junho deste ano, o prejuízo das empresas de ônibus coletivos urbanos do país já ultrapassava R$ 3,7 bilhões. Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos mostram que 30 milhões de passageiros deixaram de usar ônibus diariamente. As empresas demitiram mais de 2,7 mil funcionários, além de suspenderem mais de nove mil contratos de trabalho. 

Usuários de barcas que ligam a cidade do Rio de Janeiro à Ilha de Paquetá
Usuários de barcas que ligam a cidade do Rio de Janeiro à Ilha de Paquetá - Divulgação

Esta edição do Caminhos da Reportagem também mostra a situação de uma comunidade quilombola do Pará, que solicitou a realização de testes da Covid-19, mas se deparou com apenas um ônibus que levaria todos os casos suspeitos para serem testados no município de Moju (PA).

Além disso, o programa traz o resultado de uma pesquisa realizada por uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre o potencial de contágio nos pontos de ônibus; as novas formas de higienização nas estações e nos vagões de trens e metrôs e, ainda, a parceria entre uma fábrica de ônibus e uma universidade que traz soluções inovadoras para os transportes coletivos, entre elas, lâmpadas ultravioletas e tecidos para cortinas e poltronas com aditivos antimicrobianos.

Com a chegada do coronavírus, empresas de transportes coletivos intensificaram a higienização dos veículos
Com a chegada do coronavírus, empresas de transportes coletivos intensificaram a higienização dos veículos - Divulgação

Ficha técnica
Reportagem: Flavia Peixoto e Tiago Bittencourt
Produção: Flavia Peixoto e Tiago Bittencourt
Apoio à produção: Suzana Guimarães e Pâmela Maria (estagiária)
Imagens: Sigmar Gonçalves
Apoio às imagens: André Rodrigo Pacheco, Marcos Denir, Luis Araújo , Rodolpho Rodrigues, Carlos Eduardo Assumpção e Rede Minas
Auxílio técnico: Alexandre Souza
Apoio: Rafael Augusto de Carvalho
Edição de texto: Suzana Guimarães e Ana Maria Passos
Edição de imagens: Jerson Portela, André Eustáquio e Rivaldo Martins
Arte: Julia Costa

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Criado em 06/08/2020 - 09:45

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