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Carolina de Jesus, a escritora além do quarto

Quem é e qual a obra da autora negra que mais vendeu no país?

Caminhos da Reportagem

No AR em 22/11/2020 - 20:00

“É muito emocionante ver uma pessoa que não tem nada e também não contenta com esse nada. E tudo que é oferecido também não basta”, é assim que a escritora Conceição Evaristo define a resiliência de Carolina Maria de Jesus. Para o Caminhos da Reportagem, Conceição também conta como Carolina inspirou ela própria, e sua família, a “não aceitar a pequenez da vida”.

Carolina nasceu em Sacramento, Minas Gerais, e ainda jovem migrou para São Paulo. Morou na favela do Canindé, criou sozinha três filhos catando papel. E escreveu, escreveu muito. Sua obra de maior sucesso Quarto de Despejo, que faz 60 anos este ano, foi traduzida para mais de uma dúzia de idiomas, trouxe fama e reconhecimento para a autora que dizia que seu sonho era escrever. Junto com o sucesso um estigma: o de ser a escritora ex-favelada, só falava de pobreza e fome.

É esta imagem que pesquisadores e novos escritores negros têm tentado mudar nos últimos anos. “É sempre uma imagem marcada pela subalternidade. Carolina era vaidosa, gostava de se arrumar, usar pérolas, e quando tinha agenciamento sobre si, ela escolhia sempre pela vaidade. Hoje a gente tem a felicidade em ver que estamos procurando outras imagens de Carolina”, diz Raquel Barreto, historiadora e curadora da exposição promovida pelo Instituto Moreira Sales com o objetivo de desconstruir o  estereótipo de Carolina,  favelada e sempre com o lenço na cabeça. 

Carolina de Jesus, a escritora além do quarto
Imagem cedida pelo Instituto Moreira Salles (IMS- SP) - Crédito: Arquivo Estadão/ Conteúdo

Também para celebrar a escritora, vamos conhecer um pouco de suas obras inéditas, que serão publicadas em edição especial pela Companhia das Letras. A doutora em Letras, Fernanda Miranda, fala da importância de se ter um conselho curador composto só por mulheres negras para resgatar  a essência de Carolina. Livros, peças de teatro, provérbios, e diários inéditos serão publicados sem cortes. “Nós entendemos que essa publicação estabelece um divisor de águas na obra de Carolina, porque não vamos interferir no texto dela. Quarto de Despejo e Casa de Alvenaria vão ser lidos pela primeira vez em sua totalidade”, diz Fernanda.

Carolina morreu há mais de 40 anos e ainda hoje influencia escritores como Rainha do Verso, poeta, atriz e camelô no Rio de Janeiro. E é essa Carolina que você vai ver no Caminhos da Reportagem dessa semana.

Ficha técnica:
Reportagem: Bianca Vasconcellos, Pollyane Marques
Produção: Bianca Vasconcellos, Deise Machado, Pollyane Marques, Éverton Siqueira (estagiário), Henrique Mathias (estagiário)
Apoio à produção (RJ): Aline Beckstein, Elisabete Pinto, José Victal, Felipe Messina
Imagens: João Marcos Barboza, Bianca Vasconcellos
Auxílio técnico: Caio Araujo
Edição de imagens e finalização:Maikon Matuyama 
Roteiro e direção: Bianca Vasconcellos
 

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Criado em 18/11/2020 - 08:30

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