Após mais de um ano de pandemia, a atenção à saúde mental ganhou espaço e a busca por alternativas aumentou, para minimizar sintomas como estresse, ansiedade, cansaço e solidão. O yoga entra em cena neste momento como uma prática não apenas para o corpo, mas para a mente, que pode ser feito em casa, com as orientações corretas.
Com o isolamento social, a aposentada Renata Varella teve que parar de praticar karatê, aikidô e equitação. Por isso, resolveu dar uma chance ao yoga, que já tinha tentado fazer quando era mais nova. "Eu sou de artes marciais, então quando fiz yoga achei chato e parei, só retomei agora", conta. Com aplicativos de celular e plataformas na internet, Renata começou a praticar e logo percebeu os benefícios. "Fiquei mais elástica, mais calma, faço exercícios de respiração e isso me ajuda, por exemplo, a montar a cavalo", avalia.
Durante a pandemia, a professora brasileira de yoga Pri Leite, que mora nos Estados Unidos, viu um aumento estrondoso nas buscas por seus vídeos de aulas na internet: já ultrapassa os 42 milhões de visualizações. "A prática de yoga é bastante acolhedora, pode ser feita por qualquer idade, independente de gênero, flexibilidade ou quanto você pesa", explica. Pri Leite mostrou isso ao ficar grávida nesse período e continuar as aulas até o último mês de gravidez.
A autora do blog Cadeira Voadora, Laura Martins, é cadeirante e praticante de yoga há 25 anos. Desde a primeira vez que procurou uma professora, não houve nenhum impedimento para que ela praticasse. "Simplesmente, a professora foi me passando os exercícios, me conhecendo para ver o que podia fazer e a gente foi se aperfeiçoando", conta. O atual professor de Laura, Thiago Anício, explica que as posturas são adaptadas e, por isso, são possíveis para todas as pessoas. "O aluno coloca suas limitações, seus desejos e possibilidades e o professor interpreta e adapta a aula para aquele corpo, para aquela necessidade", afirma.
Na escola Mafagafo, em Brasília, a prática do yoga foi levada para crianças a partir de um ano e meio de idade. A professora Nambir Kaur conta que as aulas exigem uma preparação maior para entrar no universo lúdico infantil. Mas o retorno é recompensador. "Uma mãe me contou que ela estava nervosa e numa situação de tensão, a filhinha dela de 2 anos falou: 'mamãe, respira!' ", conta.
O yoga se popularizou no mundo ocidental a partir do movimento hippie, nos anos 60. Anos depois, o professor de educação física e especialista em yoga Marcos Rojo teve contato com a prática, ainda na faculdade. Fez diversos cursos na Índia e, já no Brasil, montou com outros professores o primeiro curso de especialização em yoga numa universidade brasileira. Ele analisa que a prática no Ocidente tem muita ligação com a parte física: "o yoga não está nem um pouco preocupado se você tem habilidades de plantar bananeira, se seu pé encosta na orelha; o yoga quer fazer do corpo uma ferramenta para o caminho espiritual", explica.
No programa Caminhos da Reportagem desta semana, o assunto é essa prática milenar, que tem um dia internacional de comemoração: 21 de junho foi comemorado o Dia Internacional do Yoga. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014.
Ficha técnica:
Reportagem: Ana Graziela Aguiar
Produção: Amanda Cieglinski, Carolina Oliveira
Imagens: André Pacheco, Rogério Verçoza
Apoio imagens: Sigmar Gonçalves
Auxiliares técnicos: Marcelo Vasconcelos, Edivan Viana
Apoio auxílio técnico: Raimundo Batista
Edição de texto: Carina Dourado
Edição de imagens e finalização: André Eustáquio
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