Mesmo com o corpo franzino e a saúde frágil, Betinho teve força para provocar uma imensa transformação no país. A campanha da Ação da Cidadania contra a Fome e contra a Miséria marcou os anos 1990 e foi fundamental para que, em 2014, o país saísse do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Em novembro, o homem que sonhou e lutou por um país melhor completaria 80 anos, e o Caminhos da Reportagem celebra este momento.
A biografia de Betinho se entrelaça com diversos momentos marcantes da história recente do país. Mineiro de Bocaiuva, ele entra na militância política por movimentos ligados à esquerda católica, engaja-se na luta estudantil e, mais tarde, torna-se um dos dirigentes da Ação Popular, organização política que combate a ditadura. “Podemos dividir: ele era a liderança intelectual; eu, a liderança política”, lembra Aldo Arantes, companheiro de Betinho à época e hoje membro da Comissão da Reforma Política na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ).
Perseguido pelo governo militar, Betinho parte para o exílio e torna-se um dos símbolos da anistia. O “irmão do Henfil” é imortalizado na música O bêbado e a equilibrista, cantada por Elis Regina.
Das muitas frentes em que combateu, Betinho só não conseguiu vencer a luta contra a Aids. Hemofílico, assim como seus dois irmãos – o cartunista Henfil e o músico Chico Mário –, ele contraiu a doença por transfusão de sangue. Brigou pela regulamentação dos bancos de sangue no Brasil até o fim da vida.
Betinho morreu em 1997, mas conseguiu deixar vivas as suas causas. Hoje, seu filho Daniel Souza participa da Ação da Cidadania, que inspirou a solidariedade em milhões de brasileiros. “A gente costuma brincar que a missão de toda ONG é se autoextinguir. É trabalhar tão bem por uma causa que ela não seja mais necessária”, acredita.
As lutas de Betinho e a inspiração que ele despertou país afora estão no Caminhos da Reportagem desta semana.
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.