O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, faz um alerta aos brasileiros ao comparar o surto do coronavírus ao Zika, responsável por uma epidemia no Brasil em 2015. Em entrevista ao Impressões, ele diz que é preciso evitar o preconceito. “A gente tem que tomar muito cuidado para não promover a xenofobia, porque eles (os chineses) estão vivendo agora o que nós vivemos na época do Zika. Muitas pessoas questionavam se teria Copa do Mundo e se teria Olimpíada”, relembra. Wanderson diz que chegou a ir à Genebra com o ministro da Saúde para esclarecer às pessoas de que o risco de vir ao Brasil e contrair a doença era muito baixo. “E assim foi, né? Nós tivemos uma Olimpíada com muita tranquilidade, tivemos várias medalhas”, recorda.
Para o secretário é necessário evitar o pânico ao lidar com casos de epidemias. “É preciso muita calma e muita prudência", aconselha. “Eu quero chamar a atenção para a gente tratar com muito respeito os chineses, seja o chinês que mora no Brasil, que já está aqui morando conosco, sejam as pessoas que por características fisionômicas possam parecer chinesas.”
Wanderson Oliveira avalia que “o Brasil está preparado para enfrentar esse desafio junto com os outros países do mundo e está contribuindo com a OMS para a capacitação dos países do Mercosul”. Sobre os riscos do país ser atingido pela nova doença, ele analisa: “Nós não temos a circulação do vírus no Brasil, até o momento. Mas há probabilidade de um dia ou de algum momento ele chegar. Vivemos em uma comunidade em que as pessoas estão circulando”. Ainda assim, o secretário diz que não há motivos para preocupação. “Pelos relatos e pelas características da doença que está acontecendo neste momento na China, é uma doença cuja letalidade é menor do que, comparativamente, outras doenças”.
Para combater o novo coronavírus, o secretário diz que há uma série de medicamentos que estão sendo estudados, principalmente alguns antirretrovirais. “A gente tem vários testes, alguns medicamentos que são utilizados para outra utilidade e que estão começando a apresentar resultados promissores, mas ainda não tem nenhum tratamento específico para o coronavírus. Ainda não tem nenhum medicamento, nem uma vacina própria para isso”.
Caso a doença chegue ao Brasil, o secretário acredita que o país estará apto ao desafio. “O Brasil está preparado para identificação do vírus e para essa fase de contenção de uma maneira muito precisa. Todos os estados estão desenvolvendo planos de contingência”. No entanto, ele explica o que pode ser feito em casos de possíveis contaminações. “Se a pessoa necessitar ser internada, vai receber o monitoramento sintomático para diminuir o desconforto da febre, da dor no corpo, da tosse, do desconforto respiratório. Tem estratégias e instrumentos para fazer isto, preservar a vida e garantir a eliminação do sofrimento. Então, existe tratamento, mas não é aquele tratamento que vai matar o vírus”. Wanderson diz que o atendimento ao doente também pode ser feito até em domicílio, numa espécie de isolamento domiciliar. Já numa situação mais crítica, há a possibilidade de UTIs, em caso de mudanças no cenário epidemiológico.
No Brasil, o novo coronavírus também levantou suspeitas sobre a compra de produtos de origem chinesa. Sobre isso, o secretário esclarece: “Não há nenhum risco de numa importação de um produto, ter contaminação do vírus. O vírus tem uma vida fora do organismo muito pequena, de horas. A importação desses produtos demora alguns dias. Então é uma situação completamente sem sentido”.
E para combater as fake news, além do site da saúde (www.saude.gov.br/fakenews), o Ministério conta com um número de WhatsApp para esclarecer a população sobre a nova doença. “As pessoas podem enviar para a gente as perguntas. Se recebeu um vídeo, saber se é verdadeiro ou não é verdadeiro... Nós temos recebido com frequência muitos pedidos de verificação, então as pessoas não devem acreditar no que receberem”, alerta o secretário. “Chequem as informações no site do Ministério da Saúde, ou da secretaria municipal, ou de uma instituição como a Fiocruz ou hospitais que possuam e compartilhem informações verídicas e oficiais”, aconselha.
Por fim, Wanderson Oliveira relembra que a prevenção ainda é a melhor forma de evitar a contaminação pelo coronavírus e que a adoção de medidas básicas podem diminuir o risco de ter a doença. “Lavar as mãos com frequência, antes de comer e depois de ir ao banheiro, com regularidade. Cobrir a boca ao tossir e espirrar, evitar ficar tocando os olhos e o nariz com as mãos, não ir trabalhar caso esteja doente. Se estiver doente não ir a locais com aglomeração, e usar álcool em gel”, conclui.
“Na época da pandemia de influenza em 2009, nós criamos o hábito de usar álcool em gel. É uma ação barata, simples de ser feita. As crianças podem aprender de forma muito rápida e podem ensinar também para os seus pais”, aconselha.
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.