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As vozes negras de Carmen Costa e Áurea Martins

Cantoras comprovam seu talento com resistência e desafiam o

Musicograma

No AR em 05/01/2013 - 23:30

Áurea Martins  Carmen Costa

 

 

 

 

 

 

 

Ao reunir no mesmo programa Carmen Costa e Áurea Martins, o Musicograma mostra as trajetórias de duas artistas em que a palavra resistência tinha definição e peso muito mais significativos que hoje. Resistir significava comprovar talento sem adereços; era a voz que estava em jogo, não a produção, a roupa, a torcida ruidosa dos parentes, amigos ou as torcidas organizadas nos bastidores.

Vozes talentosas desafiavam a pobreza; superavam o que se entendia por “boa aparência” e, por isto mesmo, as celebridades eram mais duradouras. Por este caminho passaram Elza Soares, Elizeth Cardoso, Dolores Duran e, obviamente, Carmen Costa e Áurea Martins. Mulheres, negras, nascidas nas primeiras décadas do século passado, Carmen e Áurea sabiam das responsabilidades, dos riscos e dos preconceitos que enfrentariam ao sair dos subúrbios ou do interior, contra tudo e contra todos e investir na carreira artística. Caso chegassem ao rádio, no caso, à Rádio Nacional e gravassem um disco, estariam realizando os sonhos de milhares de sonhadoras como elas, o que podia ser facilmente constatado nos fãs clubes que se organizavam em torno dos artistas elevados à condição de ídolos.

Carmen chegou lá. Embora seja pouco citada, ajudou a firmar o nome do Brasil e da Bossa Nova no exterior, quando participou do famoso Concerto do Carnnegie Hall, em Nova Iorque. Viveu no exterior, excursionou pela América Latina e manteve a voz serena e coerente com suas conquistas até a morte em 2007.

Áurea Martins, treze anos mais nova que Carmen, não navegou em águas mais calmas. Com quase meio século de carreira e injustificáveis nove discos gravados, ela chega aos 72 anos de idade lançando o Duo CD e DVD “Iluminante”. O canto forte e o olhar crítico reforçam a escolha do título deste novo projeto. “Sou do jeito que eu sou. Deus nos coloca no mundo e temos de nos cuidar como somos”, diz Áurea Martins, assustada com o comportamento daqueles que insistem usar “cabelos postiços”, além de “clarear a pele”. Representante da mais pura negritude brasileira, a única mágoa que guarda em relação à trajetória artística é o fato de nunca ter sido convidada para cantar na Bahia. “Não conheço a Bahia, acho isso o cúmulo. Trata-se do estado mais africano que temos e, na minha concepção, também o mais preconceituoso”, justifica a cantora.





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Criado em 02/10/2012 - 14:10 e atualizado em 21/01/2013 - 13:56

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