Quando uma canção traz tanta verdade que o prazer e a coragem de interpretá-la só podem ser assumidos pelo compositor, aí surge o cantautor. A palavra, criada a partir da expressão inglesa singer-songwriter, dá nome a um grupo seleto de artistas, geralmente, instrumentistas que dá vida às suas músicas.
Entre cantautores famosos, talvez o mais popular seja o norte-americano Bob Dylan cuja voz, violão, gaita e atitude política fizeram dele um dos mais populares ícones da liberdade. A imagem do cantautor libertário, baseada em Dylan fez escola.
No Brasil, Geraldo Vandré encarnou e encarou o tipo, criando uma linhagem em que figuram Sidney Miller e Chico Buarque, como seus melhores representantes.
Necessariamente, o cantautor não tem nenhum compromisso de fazer da voz e da obra um motivo de levante popular. João Gilberto é um cantautor, assim como são Caetano Veloso, Lenine; e Tom Jobim também era. Hoje, com a política dos direitos autorais, lucra quem canta sua própria música. Lucro e estética à parte, o que se avalia num cantautor, mais que a qualidade técnica, é a expressão do intérprete.
Quem melhor que Nelson Cavaquinho, com a voz forjada no álcool e no sereno, para cantar seus versos de boemia e compaixão? Quem, se não Cartola, para tocar e cantar suas canções de poesias raras e acordes dissonantes?
João de Aquino, violonista e autor de “Viagem”, obra prima feita em parceria com o poeta Paulo César Pinheiro é um desses cantautores que fica muito bem cantando o que cria. O poeta Paulo César Feital, famoso parceiro de Altay Veloso, também.
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