Quando tudo parece dito e tocado sobre o Choro – trilha sonora do Rio de Janeiro no início do séc. XX –, ele se renova. Inquieto por natureza, o Choro aparece neste Musicograma sob duas leituras: uma do grupo Tira Poeira e outra de Carlos Henrique Machado de Freitas que surpreendeu a crítica com o lançamento da caixa de CDs Vale dos Tambores, em 2004.
O programa revela como o Choro valoriza a tradição (a exemplo de Vale dos Tambores) e como dialoga com o contemporâneo, representado pelo Tira Poeira. Os dois grupos cultivam um ritmo que transita entre terreiros e salões, com obras de pioneiros, como Joaquim Callado e Patápio Silva; e de renovadores, como Pixinguinha e Altamiro.
O Tira Poeira, nascido em 2001, é conhecido como um grupo de choro, mas a cada dia explora outros gêneros. Como definiu Maria Bethânia, “o Tira Poeira é um grupo de rock”, pela ousadia da experimentação.
Em mais de 30 anos de carreira, a obra de Carlos Henrique Machado Freitas é marcada por sua fidelidade ao choro. Depois de criar os grupos Cinco no Choro (anos 1970) e Língua de Preto (início dos 1980), gravou o CD "Comigo não, violão" (2001, com o Grupo Vera Cruz). Nele, já investigava a relação dos cantos e toques afro-brasileiros com o choro. O projeto Vale dos Tambores é o resultado dessa busca.
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