Pauta:
Os resultados da pesquisa “Tolerância social à violência contra a mulher”, do Ipea, indignaram a sociedade. Em princípio, os dados errados apontavam que 65% da população concordavam, total ou parcialmente, que as mulheres que usam roupas provocantes merecem ser atacadas.
Uma semana depois, o Instituto divulgou que os resultados dos gráficos haviam sido trocados. Ainda que menores, os números ainda são inaceitáveis e a repercussão do assunto mostra que ele precisa ser discutido.
Hoje, meio milhão de estupros e violências contra a mulher ocorrem no Brasil. Nas redes sociais, a campanha “Eu não mereço ser estuprada” prossegue em meio a ameaças, intolerância e uma onda de abusos contra mulheres nos trens e no metrô.
Para debater este assunto, Alberto Dines conta com a participação da jornalista de O Globo, Flávia Oliveira; da socióloga e pesquisadora Fátima Jordão e do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Todos os caminhos levam à verdade. Inclusive os equívocos. Assumidos e corrigidos a tempo, erros podem ser providenciais, sobretudo para nos oferecer lições que, de outra forma, não aprenderíamos.
Este é o caso do lamentável tropeço dado pelo prestigioso Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - na divulgação de uma importante sondagem de opinião sobre o estupro e a violência contra a mulher.
A extraordinária repercussão, tanto da pesquisa como da errata, graças à adesão das redes sociais, está oferecendo à sociedade brasileira um debate com inédita dimensão. Esta inesperada conscientização tornará mais efetivas as políticas públicas e a legislação em vigor em defesa da mulher.
Os 26% de brasileiros que justificavam os estupros como resposta à provocação causada pelo uso de roupas sensuais, se ouvidos novamente, poderão ter mudado de opinião. Perceberam que nenhuma violência pode ser justificada, a não ser em sociedades que fizeram opção pela tirania e pela brutalidade.
O importante é que o debate não se limite à questão do vestuário feminino. A mulher como objeto e a fabricação de um pseudo-erotismo no qual engajam-se os meios de comunicação e publicitários há pelo menos uma geração, está criando valores e distorções existenciais que vão na contramão do que se entende como civilização. A mulher sensual está hoje em anúncios de apartamentos, automóveis, viagens, comida, bebida e até em diplomas universitários.
Nesta midiatização do sexo e coisificação da mulher pode estar a incubadora da furiosa onipotência que intoxica o comportamento masculino.
Dos Telespectadores:
Telefonemas:
Bruno dos Reis, Fortaleza / CE
Toda manifestação de violência deve ser repudiada. Não acho que só a violência contra a mulher deve ser repudiada, mas sim todas as formas de violência. Já sobre a questão da religião, onde muitos segmentos religiosos mostram a mulher submissa, também não acho que seja assim. Acho isso desvirtuado da realidade.
Hélio Nóbrega, Porto Seguro / BA – Editor
Nós, aqui da Bahia, vemos com desconfiança essa pesquisa. Está muito na cara que fizeram a correção depois que as redes sociais se manifestaram.
Ana Maria Cruz, São Paulo
Vou fazer 60 anos, tenho um filho de 35 anos e uma filha de 30. Sempre disse para meu filho: “o que uma mulher sente, um homem sente também. Nunca vá para cama com uma mulher vendo-a como objeto”. Para minha filha sempre disse: “respeite seu corpo. A mulher não precisa se expor para ser bonita. A mulher é bonita por natureza e não precisa ser vulgar”. Sou uma simples dona-de-casa e acho que entendi a pesquisa. O machismo começa na mulher, dentro de casa, quando deixa o filho homem fazer tudo e a filha mulher nada pode. São os valores dentro de casa que os pais devem ensinar.
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
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