Pauta:
A imagem do Cristo Redentor pertence à cidade do Rio de Janeiro ou à Igreja Católica? O Cristo pode ou não ser utilizado livremente como cenário em coberturas jornalísticas ou obras de ficção?
A Arquidiocese do Rio de Janeiro, detentora dos direitos sobre a estátua encravada no topo do Corcovado, vetou o filme “Inútil Paisagem”, de José Padilha, alegando que “cenas no filme em questão foram consideradas ofensivas à imagem do Cristo e, consequentemente, à casa dos católicos”.
A polêmica traz à tona a questão: trata-se de censura eclesiástica à liberdade de expressão num país em que há plena separação entre Igreja e Estado? Até que ponto a Arquidiocese pode ter mais poder do que o Estado laico brasileiro?
Para debater este assunto, Alberto Dines conta com a participação do ex-presidente do STF, Ayres Britto; do cineasta Jorge Durán e do crítico de cinema da Folha de S.Paulo, Inácio Araújo.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
O dia de ontem, 21 de julho de 2014, tem todas as condições para entrar em nossa história política. Avançamos institucionalmente, mas nada a ver com política partidária ou disputa eleitoral. Com 123 anos de existência, a nossa República era nominalmente secular. Mas, na realidade, a separação entre Igreja e Estado era fictícia, como também é fictícia a ideia de que a atual Carta Magna é inspirada nos princípios laicos.
Ontem, começamos a desconstruir estas fantasias e a construir a etapa mais complicada e mais séria do sistema democrático: a garantia do direito fundamental de crer e descrer.
Quando a Arquidiocese e o Vicariato do Rio de Janeiro reconheceram de forma inequívoca que não têm o direito de cercear a liberdade de expressão e que o símbolo do Redentor - não obstante o seu valor devocional - é um bem da cidade, do país e da humanidade, nossa democracia começou a tornar-se adulta. A tolerância deixou de ser retórica, adjetiva. É agora concreta, substantiva.
Efeméride duplamente importante porque este avanço resultou da coragem cívica de um dos três jornalões nacionais, o diário “O Globo”, historicamente submisso às percepções, interesses e dogmas da Igreja Católica.
Quando se sabe que a Santa Inquisição impediu durante mais de três séculos que funcionassem tipografias e circulassem periódicos impressos em nosso território, é possível avaliar a importância, tanto do avanço proporcionado pelo “Globo” como do recuo assumido pela Cúria.
Tempos novos. De verdade.
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
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