No Provocações desta semana, Antônio Abujamra recebe o artista plástico e professor universitário, Márcio Casarotti fala sobre as dimensões que o seu trabalho visual engloba, que são um, dois e mil. Ele explica: “Um: as coisas falam dos indivíduos, os diálogos interiores, questões pessoais, as coisas que a gente sente quando conversa conosco mesmo. Dois: estarmos aqui conversando, você tem uma percepção de mim e eu de você [...] e Mil: somos nós em sociedades, constituídas pelo um e pelos pares, essa questão dialógica”.
Márcio fala ainda sobre os rótulos que são impostos sobre a arte e os períodos artísticos da história: “o que eu faço tanto na minha atividade profissional quanto na minha atividade artística é possibilitar um fluxo de produção. As coisas todas do passado, a gente conhece: Arte Contemporânea, fovismo, cubismo, dadaísmo, hoje com rótulos. Naquela época, eles não tinha isso muito vivo, acontece que passaram algumas décadas e as coisas ganharam rótulos. A arte chamada contemporânea, a arte do agora, na verdade você faz as coisas, e é bom que você não faça pensando em agradar x ou y, sem nenhum tipo de rabo preso e etc. Isso é importante na produção mais artística.”
Como professor universitário, comenta sobre o diálogo entre a poesia e a arte, e o consumo, o que chama de poética do consumo: “a poética é esse conjunto de discursos com alguns significados mais diretos e alguns um pouco mais indiretos, que buscam, no caso desse grupo [poética de consumo] entender como isso se relaciona com o consumo, muitas vezes não só sobre o objeto, mas sobre o discurso sobre o objeto, o que se fala sobre ele. Em Arte Contemporânea por exemplo, como pouca gente pode ter um Munch, mas todo mundo pode falar sobre a obra O Grito. É muito mais rico o que se pode fazer com esse discurso que está em torno dele. As poéticas são essa massa de discurso, significado, sensações, que ficam orbitando, no caso especifico desse grupo.”
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