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Animação brasileira

Produtores e animadores debateram as dificuldades e desafios do

Produtores debatem o cenário da animação brasileira

Abrindo os debates do segundo dia de Rio Content Market, na sala 2, produtores e cases importantes da animação brasileira foram apresentados. Na mesa de debates estavam Celia Catunda (TV PinGuim), Tiago Mello (Mixer), Reynaldo Marchezini (Flamma) e, mediando, André Breitman (2Dlab).

Durante uma hora, produtores explanaram as dificuldades em colocar as produções nacionais em exibição na TV aberta, mostraram os avanços alcançados internacionalmente, discutiram os modelos de negócio existentes e, principalmente, queixaram-se da supervalorização dos desenhos importados em detrimento a produção nacional em nossas grades de programação.

Celia Catunda falou sobre seus projetos atuais, sobre o desenvolvimento da segunda temporada de Peixonauta e uma nova série infanto-juvenil sobre ciências e o pensamento científico que ainda está sendo produzida. A animadora e desenhista revelou que teve de buscar outros caminhos, como escrever histórias em quadrinhos, enquanto aguardava a contratação e exibição de sua série. São seis anos pra emplacar um projeto , desabafou. Celia relatou que já a propuseram que comprasse o horário na grade para que sua animação fosse ao ar.

Tiago Mello explicou como é o caminho que a animação percorre até chegar à televisão e aos olhos das crianças. Os modelos de negócio, atualmente, ainda são complexos , afirmou e completou às vezes você demora meses pra emplacar e receber por uma série, o que ajuda são as parcerias com os canais .

A maior reinvindicação dos produtores de animação foi o modelo de negócio praticado pelas TV s abertas. São muitas reuniões, planejamento de marketing, e é muito difícil para o produtor cuidar de todas as necessidades do projeto. A indústria brasileira de animação precisa se reorganizar. Um dos obstáculos que pode ser transposto é o licenciamento, que dispende tempo e nada tem a ver com quem cria. É um processo burocrático, extremamente necessário, mas que não deveria ser uma preocupação do artista que a produz. É necessária uma empresa que faça esse meio de campo com os canais , alerta Tiago. Inclusive, porque, assim que termina uma temporada, começa outra. Ainda há de se conversar sobre as possibilidades mercadológicas dos personagens, a criação de produtos, brinquedos e afins. Tiago, que está produzindo uma nova série sobre o Pica Pau Amarelo, disse que as associações foram imprescindíveis.

Reynaldo Marchezini, antes de produzir animações, trabalhava com licenciamento de conteúdos e sabe muito bem como esse conhecimento é facilitador. Ele indica e alerta que os produtores pensem em licenciamento desde o início. Um dos projetos de Reynaldo teve incentivo e captação de recursos internacionais e, atualmente, é exibido em 128 países e são mais de 190 produtos comercializados.

Outra dica de Reynaldo se vale da morosidade do processo. Reynaldo disse que o ideal é ter vários projetos em desenvolvimento paralelo e conhecer as empresas e os players do mercado. Há pessoas competentes no mercado brasileiro e a diversidade de modelos vai facilitá-lo. Quanto a TV aberta, Reynaldo diz que o reconhecimento de nossas produções é iminente e que a interação com o mercado mundial está aumentando gradativamente.

André Breitman, que estreia em breve a série Amigãozão na TV Brasil, também fez primeiramente o caminho internacional. A série é transmitida na Discovery Kids e André afirmou que o canal estrangeiro foi um parceiro mais forte do que esperado. Eles abraçaram o projeto e a criançada já reconhece os personagens. São 52 episódios finalizados como a primeira temporada .

Analisando o panorama latino-americano, os debatedores concordaram que as produções realizadas nesse universo agradam seus integrantes. Mas, para o mercado internacional ainda é necessário se organizar mais. Os números canadenses ainda ditam o mercado e o produtor brasileiro não tem a menor garantia, porém, criatividade e vontade de realizar.

Capacitação

Novas mídias requerem novos conceitos, novos modelos de negócio e por aí se vai longe. Uma das questões mais preocupantes e requisitadas é a capacitação dos profissionais envolvidos. Esse foi um dos aspectos do cenário da animação que também foi lembrado pelos debatedores.

Como Celia Catunda disse, algumas pessoas sabem desenhar, mas não sabem animar. A solução encontrada pela animadora foi incluir uma hora extra por dia, ao fim do expediente, para aulas de capacitação. Afinal, há uma urgência para o sentido prático.

Tiago frisou que é fundamental saber aonde se quer chegar. Toda a cadeia precisa funcionar sincronizada e ordenadamente. O mercado internacional é cruel e atropela, no caso de uma parte da cadeia de produção não funcionar.

Concluindo, ficam reinvindicações tais como: mais rapidez na aprovação de projetos, criação de mais gatilhos de incentivo no mercado audiovisual que não desconsidere ou ignore a animação, maior diversidade de modelos de negócio, e profissionais mais capacitados como roteiristas, produtores executivos, e animadores que saibam preparar séries e não somente curtas publicitários. Há também a necessidade de mais coproduções internacionais. Mas, definitivamente, a indústria da animação brasileira está em um novo patamar, parafraseando o Super Homem, indo para o alto e avante.




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Criado em 17/03/2011 - 19:33 e atualizado em 17/03/2011 - 19:33

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