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ABZ do Ziraldo: "um velho escritor conversando sobre literatura"

Incentivar o hábito da leitura é a idéia do ABZ do Ziraldo, o novo programa que estreia na TV Brasil no próximo dia 23. Apresentado pelo escritor e cartunista Ziraldo, será exibido aos domingos, às 12h, com participação de um coral infantil e de uma plateia repleta de crianças que estudam em escolas públicas. Em entrevista à TV Brasil, Ziraldo fala sobre seu novo trabalho e de sua satisfação em comandar um projeto voltado para a leitura, com o envolvimento de toda a família.

TV Brasil - Qual o objetivo do ABZ do Ziraldo?

Ziraldo - A idéia do programa é estimular a leitura. Colocar todo mundo pra ler, de A a Z. Estudar é muito importante, mas ler é mais importante que estudar. Acho bom um programa de fim de semana, de entrevista, porque aí tem muita coisa pra eu conversar com as crianças e com os adultos, ficando diferente da programação tradicional de domingo das outras emissoras.

A plateia é formada de alunos das escolas públicas. A TV Pública cumpre seu destino, que é dar espaço para essas crianças.

Ziraldo

TVB - Que atrações você traz para este novo programa?

Z - O Coral Maluquinho, que foi criado especialmente para esse programa, vai fazer muito sucesso. É um coral muito afinado, muito ensaiadinho e o detalhe é que o grupo canta Tim Maia, Dorival Caymi, Simonal. Nada de musiquinha para enrolar criança. E outra coisa: não tem gênio. Eu quis um coral pois em coral ninguém é melhor que ninguém. Todas as crianças são iguais.

TVB - Como conseguiu reunir uma plateia de crianças que vai interagir com você e os convidados?

Z - A plateia é formada de alunos das escolas públicas. A TV Pública cumpre seu destino, que é dar espaço para essas crianças. A maior alegria que eu tenho nesse programa é que eu estou falando com menino de escola pública. E as crianças têm participado bem do programa. Elas ficam um pouco assustadas quando me vêem. Mas não porque sou o Ziraldo. É porque o escritor infantil conhecido, é meio mágico para as crianças. Primeiro, você chega e o menino olha pra você e diz: "Ah, ah, ah, você é muito velho!" Ou então: "Ué, pensei que você tivesse morrido..."

TVB - Este é o primeiro programa que você apresenta na televisão ou já teve outros? É um projeto antigo?

Z - Nunca quis fazer programa infantil. Na verdade, fiz muitos programas de entrevista, onde me divertia muito. O primeiro foi o Jornal de Vanguarda, na TV Excelsior, em 1962, a convite de Fernando Barbosa Lima. Depois teve o Abertura, na TV Tupi, que foi muito gratificante. Mas eu não sou de televisão, estou na televisão. Acho a televisão um caminho importante para poder participar do destino do país. E a gente que faz arte, gosta de participar disso, já que tem ideias próprias e quer usá-las para convencer as pessoas. É uma coisa irresistível. Então, quando a direção da TV Brasil me convidou para fazer o programa, fiquei muito feliz, ainda mais sendo numa televisão pública.

Acho a televisão um caminho importante para poder participar do destino do país. Então, quando a direção da TV Brasil me convidou para fazer o programa, fiquei muito feliz, ainda mais sendo numa televisão pública.

TVB - Qual a expectativa do programa e que faixa etária você acha que vai seduzir?

Z - Não é um programa que quer tirar "nota 10". É um programa para que todos vejam, comentem, divulguem. O público que quero atingir é o núcleo familiar: a mãe, a vó, a tia, a professora, e as crianças. Eu quero pegar pessoas que se interessam no que eu estou falando, no que estou fazendo. Eu acho que não é um programa de massa. Eu viajo pelo Brasil inteiro falando das minhas ideias que se resumem em ler. Ler é mais importante que estudar. Então, essa é a minha legenda. O problema do ensino brasileiro é que o pessoal não sabe ler. Se o sujeito não sabe ler nem escrever, como é que vai aprender? Não tem jeito, tem que parar tudo e fazer com que as pessoas leiam. Para se ter uma pequena ideia, o Brasil é um pais de analfabetos, com 90% de analfabetos funcionais. Ou seja, não tem 18 milhões de pessoas que gostam de ler ou que lêem. Os Estados Unidos não estão muito longe disso: têm 60% de analfabetos funcionais. Isso significa que o sujeito não sabe ler um manual de instruções, não tem prazer de ler, não compreende o que lê e é incapaz de se comunicar pela escrita. Por isso a ONU está tão preocupada com a leitura no mundo inteiro e está com um projeto que chama Book Flood, que é derramar uma enchente de livros. Eu fui à África com esse projeto, fui levar livros para Moçambique. Mas sem monitoramento, não adianta.

TVB - O programa terá um editorial onde você fará campanhas a favor da leitura, como vai ser?

Z - Eu vou brincar um pouco com as crianças. Vou falar sobre a palavra. E o tema é dinossauro. Como eu sou um dinossauro, o simbolo do programa é dinossauro.

TVB - A cada domingo será convidado um escritor de literatura infantil que será entrevistado por você e pelos alunos da plateia. Esse formato teve boa receptividade entre eles?

Z - Tem muito pouca informação sobre livro infantil no país. Por isso resolvi convidar sempre um escritor para falar de seu livro. E a recepção foi muito boa. São todos meus amigos.

TVB - Que outras novidades você vai mostrar?

Z - O programa vai abrir espaço para performance, contador de historia e grupo de teatro. Todo grupo de jovens criativos que não tem espaço na mídia, tem espaço no meu programa.

TVB - Resumindo, o que o telespectador pode esperar do ABZ do Ziraldo?

Z - O telespectador vai assistir a um programa diferente, que pode agradar ou não agradar. Mas, certamente, diferente de tudo que a televisão já mostrou. O ABZ do Ziraldo é um programa de um velho escritor conversando sobre literatura.




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Criado em 13/08/2009 - 17:47 e atualizado em 13/08/2009 - 17:47

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