Hamlet é o personagem fundador da modernidade, dono de seu destino. É o primeiro personagem que vive “O Príncipe”, de Maquiavel, com a crença no poder do eu e na glória. É dele, e de mais ninguém, o poder de se proclamar e a decisão de não se matar. Ele é, sobretudo, um grande crítico da retórica da etiqueta, dos personagens que interpretam o tempo todo e que sempre dizem apenas o que deve ser dito.
Segundo o historiador Leandro Karnal, o personagem era um grande crítico da sociedade contemporânea. Hamlet é melancólico, tem uma consciência brutal e quem tem consciência brutal não sorri nem compartilha sua vida medíocre o tempo todo. "Ele é o anti-facebook”, analisa o historiador. Para Karnal, somos cada vez mais solitários porque temos cada vez mais dificuldade em estabelecer algo significativo com o mundo. Na peça de Shakespeare, o príncipe se questiona o tempo todo. O que Hamlet nos diz é: só interpretamos cenas, etiquetas e formalidades porque não aguentamos saber que todos fazem parte de um teatro.
Hamlet, lembra o palestrante desta edição do Café Filosófico, não governou seu reino, ele foi o primeiro homem livre, o primeiro homem moderno. E pagou um preço altíssimo por isso.
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