Na semana que antecedeu o primeiro jogo da final, o meia Lúcio Flávio deu entrevistas com a Bíblia nas mãos e falou da importância da fé, num momento de decisão. Domingo passado, à beira do campo, os jogadores do Botafogo se reuniram e rezaram, em mais uma prova de fé para chegarem ao título. Mas, no final, deu Flamengo. Há quem diga que Deus é rubro-negro, e o que se viu nesta final pode até ratificar esta afirmação. O Botafogo foi mais time, somou mais pontos no campeonato e ainda perdeu o título para um time que não ganhou um clássico sequer.
Mas e daí? A taça está merecidamente na Gávea, pois o Flamengo foi tão aplicado quanto o Botafogo. Que me desculpe o amigo Manoel Marins, pastor da Igreja Presbiteriana do Riachuelo, que eu freqüento às quintas-feiras e aos domingos, mas o Bruno, ao usar o uniforme nº 2 do Flamengo, garantiu o título. Está lá, no livro do Apocalipse, capítulo 7: "quem são estes, de vestes brancas (...)? São os que vieram da grande tribulação. (...) e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra". Não se deve misturar religião com a paixão pelo futebol, mas não custa citar esta passagem. Até porque alguns descrentes podem dizer que ter fé, como os alvinegros tiveram, adianta de nada. E não é bem assim. Certamente o Botafogo chegou à final porque acreditou. Mas o que Lúcio Flávio não esperava é que, diante dele, aparecesse o Bruno, de branco como a multidão no Apocalipse, de quem "(...) Deus limpará de seus olhos toda a lágrima".
O juiz errou? Não, quem errou foi o auxiliar, que não sabe marcar impedimento. Dizem que o alarme que patrocina o uniforme dos árbitros só não funciona para avisar que o seu time está sendo roubado. Uma maldade! E é claro que o Dodô ouviu o apito do juiz. Ou alguém acha que ele reduziu a velocidade e deu aquele chutezinho para o gol achando que o lance estava valendo?
Nas quatro decisões em que enfrentou o Botafogo, o Flamengo continua sem vencer a partida final. Mas agora há empate, sendo que um dos títulos rubro-negro é nacional (o Brasileiro de 92). Sem contar que o tabu, agora, é de 11 jogos sem vitória alvinegra.
Desde que surgiu (1912), o Flamengo soma 29 Estaduais, contra 25 do Fluminense o tricolor tem outros 5, anteriores. E desde que apareceu o Vasco (1923), o caçula dos quatro grandes, os títulos são: Flamengo, 25; Vasco e Fluminense, 22; Botafogo, 15.
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