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A VITÓRIA DA FÉ

E o Brasil está na Copa do Mundo da África do Sul. Nenhuma surpresa com isto, é claro, a não ser o fato de a vaga ter sido conquistada três rodadas antes do término das eliminatórias sul-americanas e contra a Argentina, lá em Rosário. Se ficássemos surpresos com o fato de nossa Seleção ir novamente a um Mundial, com este sistema de disputa, seria necessário repensarmos todo o nosso futebol.

O Brasil tem muito mais time que os adversários e, queiram ou não os críticos, o time de Dunga é consistente e está fechado com os objetivos traçados. E principalmente com o treinador. Os números do jogo contra a Argentina mostram que nosso adversário chutou mais a gol, teve mais posse de bola, buscou mais a vitória. Mas o Brasil foi mais objetivo e preciso, usou o contra-ataque como sabe fazer muito bem e matou a partida no momento certo.

Até aí tudo bem. Mas neste domingo ouvi alguns comentaristas relacionarem o bom momento da Seleção com o ambiente atual do grupo, liderado por um técnico e um auxiliar (Dunga e Jorginho), ambos do movimento Atletas de Cristo, e com jogadores de destaque, como Lúcio e Kaká, também declaradamente evangélicos. Segundo estes comentaristas, este grupo movido pela fé e com um comportamento de paz e religiosidade, colocou o time nos eixos, numa atitude bem diferente daquela apresentada na Copa de 2006.

O problema é que fizeram uma citação bíblica dizendo que com a fé a vitória será alcançada. E aí está a questão: desde quando a oração e a fé garantem ao cristão uma vida de realizações e vitórias? Se fosse assim, a torcida de maior número de fiéis veria seu time sempre ser campeão. O time de padres e pastores, por exemplo, estaria sempre na final. É como aquela antiga piada: se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano sempre terminaria empatado.

A afirmação da garantia da vitória pode ser usada por quem adota a Teologia da Prosperidade, que nada tem a ver com fé cristã. Se pensarmos que Jesus sofreu como poucos, como confirmar essa idéia de que a fé garante a vitória? É um erro perigoso, pois se o Brasil não for campeão na África do Sul poderão dizer que a fé não era verdadeira ou que não é suficiente para se vencer na vida.

Quando o Brasil perdeu a Copa da França vários jogadores também eram Atletas de Cristo e deram depoimentos reafirmando a fé e compreendendo os desígnios de Deus. O tropeço e obstáculos também fazem parte do jogo da vida e servem para o nosso crescimento. Mas não se pode querer colocar no plano de Deus o resultado de uma partida. Aliás, já não dizem que Deus é brasileiro? Então por que não ganhamos todas, com um torcedor tão poderoso?

Não será por causa dos jogadores evangélicos que vamos ganhar ou não a Copa de 2010. No máximo, e nisso eu acredito, eles poderão fazer um time mais forte e compenetrado, mais calmo e unido, mais confiante e empolgado. É isso que devemos entender. A vitória num campo de jogo depende de vários outros aspectos. Assim como a derrota. Só não vale jogar a culpa em Deus.




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Criado em 06/09/2009 - 14:35 e atualizado em 06/09/2009 - 14:35

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