Para alegria dos rubro-negros, futebol não tem lógica. Agora, quem deve se apegar a esta máxima são os vascaínos, que acordaram quinta-feira e leram, em todos os jornais, que o Flamengo pôs a mão na taça da Copa do Brasil. Sem dúvida, a vantagem de dois gols no jogo final é considerável, mais ainda por ser, na história da competição, apenas a segunda vez que isto acontece. E na primeira, o time que tinha esta vantagem o Paulista levou a melhor.
Mas não se iludam. Quando a partida terminou, na quarta-feira, logo me veio à lembrança aquela final da Copa Mercosul de 2000, lá em São Paulo. São outros times, é verdade, mas o Vasco perdeu o primeiro tempo para o Palmeiras por 3 a 0 e virou para 4 a 3. Ou seja, fez quatro gols em 45 minutos jogando na casa do adversário. Quarta-feira, serão precisos dois ou três gols, em 90 minutos, no Maracanã. Nessa comparação, não é tão difícil assim.
Sem dúvida, Ney Franco surpreendeu o Vasco como Antônio Lopes fez com o Flamengo, na final do Estadual de 82, mudando o time e ficando com o título. Os três zagueiros seguraram o Vasco, que realmente só sabe jogar em contra-ataques. Renato Gaúcho, quando precisa que seu time ataque, precisa mudar a formação-base, como vimos no segundo tempo do jogo. Mas quando fez isso já era tarde. Mais ainda: seus jogadores não estavam em noite inspirada.
Falar com a partida encerrada evidentemente é bem mais fácil, mas tenho minhas dúvidas se o Flamengo não poderia ter efetivamente garantido o título, se não tivesse voltado à formação com três zagueiros quando abriu dois gols de diferença. O sistema defensivo do Vasco não é dos melhores e ficaria ainda mais exposto, precisando reduzir a vantagem rubro-negra.
Se os números valem, nessa hora, o Flamengo perdeu apenas uma vez, este ano, por dois gols de diferença: foi no último dia 13, para o Paraná, por 4 a 1. Já o Vasco, desde janeiro, venceu apenas quatro vezes por mais de dois gols, e nenhum dos adversários era de primeira linha: 3 a 1 no Madureira, 4 a 2 no Nova Iguaçu, 7 a 0 no Botafogo-PB e 5 a 1 no Iraty.
Por tudo isso, pode-se até dizer que, em 90 minutos, o Flamengo passou a ter a vantagem que, em princípio, estava com o Vasco. Mas como disse lá em cima, futebol não tem lógica e, por isso, o bi ainda não está na mão.
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