Os números não mentem. Desde quarta-feira à noite, o Flamengo é o maior campeão do Brasil. Se juntarmos o Campeonato Brasileiro, desde 1971, e a Copa do Brasil, desde 1989, o Flamengo aparece em 10 decisões, com sete títulos e três vice-campeonatos. Também 10 vezes finalistas, Corinthians e Grêmio somam seis conquistas. O Cruzeiro vem em seguida, com nove (cinco títulos); depois o São Paulo, também com nove (três títulos). Entre os cariocas, o Vasco foi a sete finais (ganhou quatro); o Botafogo, a quatro (uma vitória); e o Fluminense, a apenas três (um título nacional).
É mais um motivo para provocar os rivais em todo o Brasil, principalmente no Rio de Janeiro. Nos dias que antecederam a final de quarta-feira, poucos acreditavam numa reação do Vasco e vários amigos vascaínos lamentavam, não só a derrota na semana anterior, como a chance perdida de, finalmente, terminar com a seqüência de quatro derrotas em quatro finais contra o Flamengo. Mais ainda: o trauma de um tri-vice-campeonato seguido poderia ser superado com a vitória na primeira decisão nacional entre os dois clubes.
Mas não foi ainda dessa vez. Pior: agora virou um tabu, uma escrita, seja lá o que for. Para ir à forra, não bastará ser numa decisão qualquer. Terá de ser em outra de mesmo nível, nacional, e valendo vaga na Libertadores. Mais: com duas vitórias sobre o rival, para não deixar dúvidas da superioridade de um sobre o outro.
O Flamengo fez o Rio de Janeiro esquecer a eleição presidencial, a crise no Líbano, os sanguessugas, a derrota para a França, a escolha do Dunga. Na quinta-feira, a cidade estava pintada de preto e vermelho. Sorria em muitos rostos, gritava em cada esquina, tremulava em bandeiras nos carros, janelas, bancas de jornal. Há muito não se via manifestação igual.
É hora, também, de dar o braço a torcer. Ney Franco mostrou um time muito bem armado taticamente, que soube superar suas carências e mudar o andamento dos dois jogos na hora que mais lhe conveio. Nas duas partidas, em momento algum o Vasco teve domínio. Na última, sequer ameaçou o título do Flamengo. E não podemos esquecer Waldemar Lemos, que colocou o time na final e merece um bom pedaço da faixa de campeão.
Renato Gaúcho não tinha muito que fazer. O time do Vasco é limitado, não tem opções de banco. Faz boa campanha no Campeonato Brasileiro, mas não se sabe se terá fôlego até o final. Já o Flamengo, não deve se empolgar com o título. O Vasco não é parâmetro para os outros adversários do Brasileirão e o rubro-negro, no momento, "namora" a zona do rebaixamento.
Mas não é hora de se falar nisso agora. O Campeonato Brasileiro só recomeça domingo e é certo que a festa do Flamengo vai demorar muito mais tempo.
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