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RAUL TINHA RAZÃO

Eu era repórter do Jornal dos Sports, em 1983, e a final do Campeonato Brasileiro seria entre Flamengo e Santos. Como setorista do rubro-negro, estava lá todos os dias e tinha no goleiro Raul um grande amigo. Certo dia, ele passou por mim e falou: "De nada adianta a gente fazer um monte de gols se eu não estiver em um bom dia. No final da história, o título depende das minhas mãos". E não é que ele estava certo?

Aquela conversa rendeu uma das melhores matérias que eu escrevi para o JS, publicada no domingo da decisão e que virou a manchete do jornal, com uma foto enorme do Raul, aos pés do Cristo Redentor, braços abertos como que tocando nas mãos da estátua. O Flamengo, de Zico e Cia, venceu por 3 a 0, Raul nem teve tanto trabalho, mas depois de dois jogos desta última rodada do Brasileirão, não há como não lembrar do grande Raul.

Flamengo e Botafogo sofreram para vencer, em situações bem distintas. Enquanto o rubro-negro, no alto da tabela, jogou em casa contra um Santos que oscila no campeonato, o alvinegro, tentando fugir do rebaixamento, foi a Porto Alegre enfrentar o Internacional, que disputa o título. Na teoria, daria vitória de um e derrota do outro. A primeira previsão se confirmou, mas com muita dificuldade; a segunda não, e aliás os dois se beneficiaram com a vitória surpreendente do time carioca no Beira-Rio.

A coincidência foi que os goleiros brilharam. Bruno defendeu dois pênaltis o terceiro seguido, se considerarmos a defesa contra o Botafogo, na batida de Lúcio Flávio. E Jéferson fez defesas milagrosas, quando seu time ficou com um a menos, perdeu Leandro Guerreiro contundido e sofreu forte pressão colorada.

O Flamengo parecia pedir para não vencer. Jogou mal, não armava ataques e, aos poucos, foi envolvido pelo Santos. Que curiosamente teve suas duas grandes chances nos pênaltis desperdiçados, enquanto o Flamengo, nas poucas vezes em que foi à frente, graças, principalmente, à disposição de Adriano, isolado, mas um guerreiro, ainda mandou uma bola na trave. Bruno foi um verdadeiro salvador, com as mãos e com os pés, e manteve o time sonhando com o título.

O Botafogo, superando qualquer expectativa, fez um gol com 2 minutos de Juninho, que há uma semana foi chamado de amarelão pela torcida e não só resistiu ao Inter, como teve diversas chances de ampliar o placar. A incompetência dos atacantes foi compensada pela ótima atuação de Jéferson, que colocou o alvinegro mais distante da ameaça do rebaixamento.

Dizem que um grande time começa num grande goleiro. Pode ser. Mas é certo que o grande resultado depende das mãos dele.




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Criado em 01/11/2009 - 14:22 e atualizado em 01/11/2009 - 14:22

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