Publicitária, diretora de arte e mulher transgênero, Neon Cunha conseguiu judicialmente a mudança de seu nome e do seu gênero no registro civil. A solicitação é comum entre os transexuais, mesmo sem cirurgia para mudança de sexo. No entanto, ela se recusou a ser diagnosticada com o transtorno da disforia de gênero, condição descrita pela medicina como desconforto com o gênero que é atribuído ao nascer.
Em recente artigo à Folha de S. Paulo, ela explicou seu posicionamento: "Não vou passar por controle médico, me recuso a passar por um processo de patologização. Como eu vou ficar nua na frente de alguém para provar que eu sou eu. Eu não tenho essa disforia [não reconhecimento da genitália com que se nasce], nunca tive. Uma mulher pode nascer com um falo e não se incomodar com isso."
A publicitária conta que, segundo relatos da mãe, ela já se reconhecia como menina com dois anos e meio de idade.
A conversa também passa por outras questões do debate LGBT recente. Um dos seus questionamentos, diz respeito ao uso da palavra empoderamento. Segundo ela, antes de buscar o empoderamento, os indivíduos deveriam buscar a autonomia."Força e luta devem vir da sua condição pessoal, de quem você é e não do que o outro determina aonde você vai."
Neon também conta a história da sua relação com os pais e como a construção social determina a misoginia e o racismo. "Esta paz branca e burguesa nunca chegou na minha quebrada", afirma.
O episódio do Estação Plural desta semana é especial, pois traz pautas especialmente do universo Trans, como despatologização das identidades, afetividade de pessoas trans e significados de força e luta para a comunidade trans e travesti.
O episódio vai ao ar no dia 6 de outubro às 23h.
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