Um estudo inédito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), investigou os efeitos tardios da infecção pelo vírus da zika. Quem já teve essa doença sabe do que estamos falando: sequelas. Nós tivemos acesso a esse estudo com exclusividade. Na grande maioria dos casos, a infecção por zika causa sintomas como dores de cabeça e nos músculos e erupções na pele, mas em algumas situações, o vírus pode infectar células neurológicas, especialmente no começo da vida. Por isso, a zika pode causar microcefalia em bebês, se a gestante for infectada quando o cérebro da criança ainda está em formação.
Os pesquisadores da UFRJ acabaram de encontrar evidências de uma outra característica muito preocupante desse vírus: ele pode deixar fragmentos genéticos no organismo, que podem voltar a causar sintomas muito tempo depois da infecção inicial, se a pessoa tiver uma queda na imunidade. Por enquanto, eles observaram o fenômeno em camundongos, que tinham esses fragmentos no cérebro e apresentaram, por exemplo, convulsões, quando o vírus voltou a se replicar por causa dessa baixa imunidade.
A pesquisa continua, mas os dados já apontam que pacientes expostos ao vírus, especialmente no início da vida, devem ser monitorados a longo prazo, mesmo se não tiverem tido nenhuma sequela grave como a microcefalia. Os pesquisadores agora vão tentar descobrir se esses fragmentos ficam adormecidos em áreas de lesão cerebral que surgem durante a infecção, e aí testar um medicamento que diminui essas áreas de calcificação pra tentar evitar que o vírus volte a causar sintomas.
A última epidemia que o Brasil teve de zika foi em 2015 e 2016, com mais de 41 mil gestantes contaminadas e de 1900 casos de microcefalia. Este ano, são 8500 casos da doença. Ela é transmitida pelo mesmo mosquito que causa a dengue a chikungunya, o aedes aegypti, então a gente pode ter uma nova epidemia.
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