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Cantora Titica é entrevistada por Roseann Kennedy

Artista angolana negra e transexual revela histórias de sua trajetória

Na semana da Consciência Negra, o programa Conversa com Roseann Kennedy recebe a cantora angolana negra transexual Titica, considerada a rainha do kuduro, para um papo nesta segunda (20), às 21h30. A entrevista faz parte da programação especial da TV Brasil para celebrar a data.

Fã da música brasileira e admiradora da cantora Alcione e do músico Nego do Boréu, Titica é a primeira cantora a assumir a transexualidade em Angola. Querida pelas crianças, a rainha do Kuduro se tornou um ídolo pop em seu país mesmo diante do conservadorismo.

Hoje, Titica faz grande sucesso também fora da África. No Brasil, esteve no palco Sunset do Rock in Rio onde junto com o grupo BaianaSystem e misturou o som africano do Kuduro com o ritmo de Salvador.

No bate-papo com a jornalista Roseann Kennedy, a artista conta que chegou a sofrer com a discriminação no início da carreira e relembra momentos de sua trajetória marcada pela violência.

Ela diz que quando tinha vinte anos era obrigada a esconder o seu jeito de andar que é mais feminino. "Quinze anos atrás, apedrejavam, batiam. Eu já fui apedrejada, já me deram com garrafas na cabeça". Por isso, muitas vezes foi obrigada a esconder quem realmente era.

Sobre o preconceito que ela teve que enfrentar, a artista desabafa. "As pessoas homofóbicas são cegas. Você consegue se impor, falar com uma pessoa que é homofóbica, que não te conhece... Falar bem, mostrar quem você é... Mostrar que não é um bicho de sete cabeças e mudar a mente dela".

Para Titica nesses tipos de situação nunca convém partir para o enfrentamento. "Eu acho que as ações das pessoas tem que falar mais alto, não precisa bater de frente e sim agir", afirma no programa da TV Brasil.

Nascida na periferia de Luanda, de onde vem também o kuduro, Titica lamenta que a música e a dança ainda sejam marginalizadas e criticadas por algumas pessoas. O ritmo que significa "bumbum duro”, faz referência aos movimentos corporais da coreografia.

"O kuduro ainda é muito marginalizado em Angola. Já foi mais. A princípio, por causa da nossa forma de nos apresentar, de falar, porque não seguimos o padrão da sociedade". Para ela, alegria e o ritmo do kuduro é o que aproximam o público.

Titica sempre gostou de arte e apostou em várias profissões com a mesma determinação. "Nasci para brilhar e de qualquer jeito vou ser famosa". Ela tentou ser modelo, atriz e foi bailarina durante muitos anos.

Hoje, se orgulha de sua carreira. "Fui considerada a melhor bailarina do kuduro, porque eu dançava e levantava o público como se fosse cantora. Acho que já tem uma estrela em mim". Só depois, a música entrou em sua vida.

Titica fala sobre sua relação com a cultura brasileira. Depois de gravar a música "Capim Guiné" com o grupo BaianaSystem, conhecido pelas letras e músicas politizadas, a artista trans tem o sonho de gravar com Pabllo Vittar e unir o Brasil e África numa luta contra o preconceito. "Adoro parcerias onde a gente aprende mais, com a troca de música, países a países. É um intercâmbio muito bom".

Sobre suas aspirações, a cantora diz que pretende levar o seu nome aos todos os quatro cantos do mundo e continuar sendo uma mulher de sonhos. Ao Brasil deixa um agradecimento especial e em tom de brincadeira se despede sem dar chance aos olhares invejosos. "Obrigada Brasil por ser receptivo comigo. Eu continuarei sendo a Titica que aguenta tudo e não tem medo de nada. Que bate na madeira e seca todo mau olhado".

O programa Conversa com Roseann Kennedy também vai ao ar em horários alternativos. Aos domingos, a produção jornalística da TV Brasil é exibida às 19h30.

Serviço:
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (20), às 21h30, na TV Brasil.
Conversa com Roseann Kennedy – domingo (26), às 19h30, na TV Brasil.

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 17/11/2017 - 15:15 e atualizado em 17/11/2017 - 15:15

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