O programa Espaço Público recebe o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff nesta terça-feira, 28 de abril, às 22h, na TV Brasil. Durante o programa, o pensador reflete sobre temas como sua relação com o Papa Francisco, Teologia da Libertação, distribuição de renda, fundamentalismo religioso, celibato e redução da maioridade penal.
No início da entrevista, o convidado admite estar cético em relação ao futuro do planeta. “Nós estamos próximos do abismo. A continuar a devastação e o aquecimento global, e o Papa tem repetido algumas vezes, a Terra poderá continuar, mas sem nós”. Participam da sabatina na emissora pública o jornalista Paulo Moreira Leite, apresentador do Espaço Público, e os jornalistas Florestan Fernandes Júnior e Diego Amorim, repórter do Portal de Notícias Fato Online.
Trajetória em defesa dos direitos humanos
Doutor honoris causa em Política pela Universidade de Turim, na Itália e em Teologia pela Universidade de Lund (Suécia), entre outros títulos acadêmicos, Leonardo Boff tem 60 livros publicados, muitos deles editados no exterior.
Aos 76 anos, o filósofo divide-se entre a carreira acadêmica e a luta pelos direitos humanos. Considerado um dos iniciadores da chamada Teologia da Libertação – que trabalha pelo direito dos pobres, o direito à vida e à liberdade–, Boff ganhou vários prêmios na luta em favor dos marginalizados. Atualmente assessora comunidades de base e ministra cursos em universidades brasileiras e estrangeiras.
Posições marcantes sobre temas polêmicos
Ao ser questionado sobre o direito ao aborto, Boff afirma entender algumas mulheres que, por situações distintas, decidem abortar. “O aborto nunca é uma coisa fácil. É traumático para a mulher. Não sabemos o que é a vida. Ela não é nem material, nem espiritual, nem mortal, nem imortal, a vida é eterna, ela passa por nós. Então é algo sagrado que eu respeito. Acho que a função das Igrejas é apresentar a doutrina, ser contra o aborto e a favor da vida. Mas como estamos numa democracia, aceitar a discussão e quando o estado decide, a sociedade decide, respeitar”, pondera o teólogo.
Para aprimorar a justiça no país, o escritor defende a importância da reforma política. “A justiça brasileira não é justa. É partidista. Isso não honra a justiça brasileira, mas acho que é um ponto que só se cura mediante uma profunda reforma política”.
Ao analisar a discriminação racial no Brasil, Boff faz crítica enfática à edução. “Há um vazio imenso na nossa formação das escolas. Não conhecemos a história da escravatura brasileira. Principalmente a revolta deles. A gente só conhece a dominação, como eram escravizados, não mostra a alta dignidade que eles mantiveram, como se rebelaram”, pontua o filósofo.
Ele também discute a polêmica relacionada à redução da maioridade penal. “Apenas 1% dos crimes no Brasil é cometido por jovens. A prisão é a pior escola que existe para formar bandidos. Acho que tem que manter a maioridade e permitir que eles sejam reeducados quando cometem crimes, mas de maneira nenhuma rebaixá-los como uma espécie de vingança”, avalia Boff.
O pensador não se furta a comentar o que pensa sobre o argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. “Acho que com ele chegou a primavera na Igreja. Depois de um longo e tenebroso inverno, como diz o poeta. Logo o saudei como um papa da salvação, porque a Igreja estava absolutamente desmoralizada pelos escândalos. O nome dele, Francisco, é o símbolo de um projeto de uma igreja simples, aberta a todo mundo, de diálogo com todos os povos sem discriminação nenhuma. Ele diz que todos devemos nos unir, apoiar um ao outro para servir à humanidade. Francisco trouxe uma atmosfera nova e a Igreja voltou a ser um lar espiritual”, opina.
Apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior, o Espaço Público traz a cada semana aos estúdios da emissora pública um convidado especial para entrevistas sobre assuntos que afetam a vida da maioria da população brasileira.
O programa já recebeu personalidades como o fotógrafo Sebastião Salgado, a ativista norte-americana Angela Davis; o cineasta Jorge Furtado; o historiador Paulo César de Araújo; o músico Hermeto Pascoal; o escritor e jornalista Lira Neto e o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Serviço:
Espaço Público – terça-feira (28), às 22h, na TV Brasil.
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