O simples fato de sobreviver no Parque Santo Antônio em São Paulo nos anos 1990 já faz de Marcos Lopes um bravo. O bairro em que nasceu e foi criado fazia parte do chamado triângulo da morte junto com o Jardim Ângela e o Capão Redondo. Crescendo nesse ambiente violento, Marcos, também conhecido como Nenê, começou a usar drogas e entrou para o mundo do crime ainda muito cedo. Mas a morte da melhor amiga, a Casa do Zezinho e a literatura ajudaram a transformar a vida desse guerreiro.
Marcos iniciou no crime roubando a cantina de sua escola. Foi expulso e entregou-se às drogas. Depois trabalhou com um estelionatário, cometeu roubos a mão armada e por fim tornou-se gerente do tráfico. Após a morte da melhor amiga, Nenê foi buscar ajuda com Tia Dag na Casa do Zezinho e a partir dali sua vida sofreu uma grande virada. Marcos abandonou a vida do crime e mergulhou na literatura.
“Existe o Marcos antes da literatura e o Marcos depois da literatura. Porque a partir do momento que eu passei a ler o meu mundo eu comecei a ver de outro ângulo. Então parecia que tudo tinha mudado. Eu aprendi a ler me infiltrando dentro dos livros. Eu não via as letras, a grafia... Eu via as personagens.”
O livro que lhe abriu as portas para o mundo das letras foi Capão Pecado do escritor Ferréz. A linguagem informal e as histórias e personagens da periferia despertaram em Marcos a paixão pelos livros. Após se tornar um ávido leitor, Nenê formou-se em Letras e decidiu contar suas próprias histórias escrevendo Zona de Guerra: obra que escancara a violência na zona sul de São Paulo na década de 1990 de forma realista e impactante.
Paralelamente, Marcos Lopes seguiu outra vocação: a de ajudar o próximo. Primeiro trabalhou na Casa do Zezinho, depois em uma ONG que ajudava dependentes químicos e seus familiares e em seguida fundou seu próprio projeto junto com o amigo Alex Sandro: o Instituto Projeto Sonhar.
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