O Espaço Público desta terça-feira,15/09, debate o cenário econômico brasileiro com a professora do departamento de economia da Universidade de São Paulo e doutora pela New School for Social Research, em Nova York (EUA), Laura Carvalho.
Com perfil desenvolvimentista, Laura acredita que o governo deveria aproveitar a recessão, que reduz a arrecadação, para fazer uma efetiva reforma fiscal. Para ela, apesar da dificuldade do momento político, seria essencial promover uma reforma tributária. “A reforma tributária não é só de aumentar impostos. Reforma tributária é também de reduzir impostos. É de redução de imposto sobre o consumo, sobre a produção. O produtor paga imposto ao longo da cadeia, os vários insumos pagam o mesmo imposto. Por outro lado, o imposto é baixo sobre a renda e o patrimônio. Isso é o sistema tributário mais regressivo que tem”.
A especialista lembra que, apesar dos erros na política econômica cometidos até aqui, o país tem conseguido baixar o nível da dívida pública líquida que era de 37% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, e hoje é de 34% do PIB. “Houve um ciclo virtuoso na economia brasileira, aonde o governo entrou basicamente com dois pilares: um aumento no investimento em infraestrutura física e de investimento em infraestrutura social também, com programas sociais e com distribuição de renda via salário mínimo e via programas de tranferência. O consumo aumenta no ano, o investimento aumenta em seguida. Você cria uma dinâmica virtuosa”.
Laura recomenda, ainda, que o governo preserve os empregos e aumente os investimentos em infraestrutura física e social. “Eu sou a favor de política direta de investimento público. Investimento público tem uma vantagem porque ele é demanda e ele é oferta. Ele melhora a produtividade e ele reduz os custos dos empresários. Você dá estrada melhor, escoa melhor a produção. Isso tudo é bom para os empresários pelo lado dos custos e ao mesmo tempo o governo está garantindo uma injeção de demanda numa economia estagnada”.
Sobre as recentes medidas econômicas anunciadas pelo governo, Laura afirma que a CPMF é um imposto neutro, pois cada cidadão paga o mesmo em proporção a sua renda. “No momento o setor empresarial está fazendo pressão contra o aumento de qualquer imposto. Ele [CMPF] não é dos piores impostos. Agora, existiriam opções melhores também, como a taxação de lucros e dividendos no Imposto de Renda da Pessoa Física, e que tem o poder arrecadatório muito parecido com o da CMPF”. Na conversa, a economista comenta a situação da Grécia e o impacto que ela tem sobre o a economia brasileira.
O Espaço Público é apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior. O programa também conta com a participação da repórter do Estadão, Isadora Perón.
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