O esgotamento do presidencialismo de coalizão é uma das raízes da crise política no Brasil, na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo no Senado. Numa espécie de mea-culpa, ele admitiu, em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil, que a eleição de um presidente sem garantia de maioria no Congresso e a existência de dezenas de partidos levam a negociações pouco republicanas.
Costa também assumiu que boa parte da responsabilidade cabe ao próprio partido e ao governo. Segundo ele, “o PT facilmente se amoldou a esse desenho [do presidencialismo de coalizão]”, preferindo se enquadrar ao esquema vigente a promover profunda reforma política quando chegou ao poder em 2003 e “era mais forte, tinha maior base de sustentação”. O senador avalia que havia “ampla condição de, pelo diálogo político, não precisar viver a situação [de crise] em que hoje estamos, lutando para termos 200 votos”.
O líder admitiu que o PT e o governo cometeram muitos erros: “Falhamos em manter esse diálogo permanente, erramos na relação com o Congresso Nacional, erramos na relação com nossa base social”. Para ele, contudo, a saída não é o impeachment nem novas eleições, mas o respeito à Constituição e ao resultado das urnas de 2014. “Independentemente do que venha a acontecer no próximo domingo [quando o plenário da Câmara decidirá pelo afastamento ou não da presidenta Dilma], o PT precisa se reformar, se modificar, ter uma nova maneira de fazer politica.”
Humberto Costa lembrou que Maurício Macri elegeu-se presidente na Argentina com margem de votos mais apertada do que a de Dilma Rousseff. Também citou crises vividas por vários outros países, como Paraguai, Grécia, Espanha e Portugal. E se disse convencido de que a atual presidenta e o PT estão em melhores condições de superar as dificuldades do momento e levar o Brasil a recuperar mais rapidamente a liderança na América Latina e o protagonismo internacional.
Transmitido pela TV Brasil toda terça-feira, às 23h, o programa Espaço Público tem como âncora o jornalista Paulo Moreira Leite, com a participação do jornalista Florestan Fernandes Júnior. A entrevista com o senador Humberto Costa teve, ainda, a participação da repórter Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual.
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