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No próximo frio, eu ferro

Pai e filho se comunicam por meio de um saber em extinção

Etnodoc

No AR em 30/08/2018 - 23:45

No sertão mineiro, as ferramentas e as palavras usadas na lida com a terra e a natureza reúnem saberes complexos e em extinção, preservados na cabeça e nos gestos precisos de poucos homens, muitos já em idade avançada. Entre tais instrumentos estão superstições e habilidades técnicas, como a manufatura dos carros de boi, hoje praticada por poucos.

Em Morro da Garça, cidadezinha que foi cenário das andanças documentais e da ficção de Guimarães Rosa, há apenas um mestre: Seu Manoel Alexandre, de 87 anos. A técnica que aprendeu com o pai não fora repassada aos filhos, porque já não havia mais interesse pelos carros de boi e nem lugar para estes no sertão contemporâneo.

Um dos filhos de Seu Manoel, Giovani tem um estilo de vida urbano. Mecânico e professor, tenta preservar o legado de seu pai. Giovani encomendou o último carro de boi do Seu Manoel Alexandre, que vem tentando finalizá-lo há cerca de dois anos. Seu Manoel, no entanto, talvez lide com um tempo diferente: espera os tempos bons da madeira ser trabalhada e ferrada, e tem toda a paciência por saber que este pode ser um dos seus seu últimos feitos na vida.

Dirigido por Andre Fratti Costa, o documentário traz histórias de relações e significações profundas. Numa perspectiva lírica, um pai e um filho que se comunicam hoje, ao final da vida do primeiro, por meio de uma encomenda. Em um panorama épico, uma paisagem que se transforma, um saber em extinção, um objeto técnico que hoje tem a função de ser mero souvenir de um passado rural.

Ano: 2013. Gênero: documentário. Direção: Andre Fratti Costa.

Classificação indicativa: Livre

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Criado em 07/11/2014 - 21:40 e atualizado em 11/06/2015 - 18:50

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