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Meu mundo caiu

Apuros na Itália

Já passei por muitas experiências diferentes pra entender a força do acaso no destino da gente. Mas confesso que não imaginava, e também não desejava, passar por mais uma reviravolta na vida. Pelo menos desse tipo que te deixa pra baixo, na pior mesmo.

Tudo começou como um conto de fadas e eu no papel de uma das "princesas" escolhidas para um desfile em Milão, na Itália. Fiquei muito empolgada com a possibilidade de fazer o primeiro trabalho internacional e de viajar pra outro país. Eu nunca tinha entrado num avião.

Minha alegria durou até a chegada ao aeroporto da Itália. Na hora de passar pela polícia de imigração, um atendente resolveu implicar comigo. Como a gente não tinha visto de trabalho, fomos orientadas a dizer que éramos turistas e estudantes no Brasil. Não podia falar o nome da agência e, muito menos, que a gente tava ali pra trabalhar.

Sem entender nada de italiano, fiquei nervosa com a abordagem do policial. E ele achou que eu fosse "prostituta". Eu acho isso preconceito puro. Ele pensou que eu era garota de programa só porque sou brasileira. Já tinha lido umas matérias sobre isso no jornal.

Eu disse que não era puta, que era turista e estudante, mas não adiantou. Fui humilhada e presa numa salinha até que me colocaram num avião de volta pro Brasil. Eu e outra modelo que estava atrás na fila e que o cara sacou que tava viajando comigo. Ela também voltou, indignada e me culpando pela deportação. Para a polícia italiana, éramos as duas "putanas brasilianas". Para a minha "amiga" modelo, eu era pobre, suburbana e burra.

Não bastasse todo esse constrangimento, que já era suficiente pra me deixar arrasada, cheguei ao Brasil e não consegui me entender com a Maria Isabel, a dona da E Models. Ela achou que eu não segui direito as orientações dela. A gente discutiu e eu decidi sair. Não tava com cabeça pra levar mais um desaforo pra casa.

Eu deixei o apartamento na Zona Sul e saí de casa com mala, cuia e pouquíssimo dinheiro. Não tive outra alternativa. Bem na hora que eu deveria estar desfilando numa passarela em Milão, a capital da moda, eu tava chegando em Marechal Hermes, a capital da minha família e do meu passado. Quando ia entrar em casa, vi que meu pai estava tendo uma discussão feia com a Daiana. Não tive coragem de entrar. Passei a noite na lanhouse do Chico.

Minha casa já tinha problemas demais. Eu não queria ser mais um. O Chico ligou pro meu pai e acordei no dia seguinte com ele me convidando a voltar pra casa. No fim das contas a gente só pode contar mesmo é com a família, mas sei que a minha casa já não é mais a minha casa e eu também não sou mais a mesma. Tenho que achar uma solução pra essa confusão. Eu inventei isso sozinha e tenho que resolver sozinha. Só não sei, ainda, como.




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Criado em 12/06/2011 - 23:00 e atualizado em 12/06/2011 - 23:00

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