“Que batuque é esse? Que batuque forte. É tambor de índio, é tambor de negro, é tambor do Norte [...] E no tambor do índio, o negro tocou. E no tambor do índio, o negro tocou. O negro se misturou ao nosso teretetê. E os nossos versos caboclos viraram carimbó e bangoê”. Nesses versos, Dona Onete, cantora e compositora paraense, sintetiza a força e a diversidade da música do Pará. Ainda que soe como uma visão essencialista calcada na divisão de matrizes culturais, essa canção expressa o diálogo intenso entre a música indígena e negra no Brasil, temperada ainda pela influência caribenha - tudo isso só possível nesse estado que é um dos mais musicais do país.
O Pará nos deu o carimbó, o lundu, a lambada, o tecnobrega, além de outras dezenas de ritmos forjados, revisitados e misturados por lá. Numa série de dois programas, o Nova Amazônia procura conhecer um pouco mais da música paraense, do tambor do carimbó ao sampler do tecnomelody, da famosa distribuição independente ao resgate dos velhos mestres da cultura popular.
Nesse primeiro episódio discutimos um pouco o carimbó, abordando três vertentes deste ritmo que tem influência da música indígena, negra e europeia: o Grupo Sancari, com o carimbó de raiz; Dona Onete e o carimbó chamegado; e Lia Sophia – cantora jovem, com o carimbó pop. A partir deste ritmo central na cultura do Pará, adentramos o universo da música, mostrando o movimento de resgate dos mestres da cultura popular e a revisitação dos ritmos tradicionais pela música eletrônica.
Ficha técnica:
Apresentação: Barbarah Israel
Direção: André Marques
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.