Pauta:
O Observatório da Imprensa da próxima terça-feira vai analisar a guerra travada entre o governo de Cristina Kirchner e os grupos de mídia na Argentina.
Em um vídeo de mais de quatro minutos durante a transmissão dos jogos de futebol, o governo argentino fixou a data de 7 de dezembro como prazo máximo para que o grupo Clarín se desfaça da maior parte dos 240 canais a cabo, 4 abertos e 10 emissoras de rádio de propriedade da rede.
A decisão faz parte de um processo que culminou com a aprovação, em 2009, de uma lei polêmica que proíbe empresas de mídia de manterem mais de uma emissora na mesma cidade. Desde o início da luta entre o governo e os veículos de comunicação, o Clarín já teve cancelados contratos de publicidade oficial, caminhões de entrega de jornais bloqueados e devastação fiscal. Além de uma série de denúncias, que colocou o grupo de mídia como um dos principais vilões do governo.
O programa vai analisar a concentração da mídia, a partir do ataque do governo ao jornal Clarín. Para isso, Alberto Dines recebe, no Rio de Janeiro, o jornalista Flávio Tavares. Participam também, de São Paulo, o sociólogo Bernardo Sorj e a correspondente do Clarín, Eleonora Gosman.
Editorial:
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Não parece muito equilibrado o nosso noticiário sobre o entrevero entre a presidente Cristina Kirchner e grande parte da mídia argentina. A legislação que está sendo derrubada a toque de caixa vige há muitos anos e convinha tanto aos grupos de comunicação como aos governos neo-peronistas do casal Kirchner. Se não havia paz, pelo menos não havia guerra.
A convivência foi quebrada quando os interesses de continuidade do grupo Kirchner criaram uma dinâmica que inexoravelmente se chocaria com o que foi acordado entre as partes. De repente, a antiga concentração da mídia foi transformada em dragão da maldade para a alegria das construtoras e empreiteiros próximos da Casa Rosada.
A nova legislação imposta por cristina Kirchner foi de fato sancionada pelo Legislativo e pelo Judiciário, mas esta "legitimidade" não é pacífica. Convém lembrar que o golpe contra o presidente paraguaio Fernando Lugo também foi apresentado como legítimo. Não foi, como vimos aqui em edição anterior.
No caso argentino, o mais grave de tudo foi o ultimato dentro do ultimato: o grupo Clarín deveria desfazer-se de grande parte do seu formidável arsenal audiovisual até o dia sete de dezembro deste ano. Ignorando a decisão que concedia o prazo de um ano para consumar esta alienação, o Executivo argentino passou a exigir que a transferência das concessões se consumasse agora. O novo prazo foi anunciado pela Casa Rosada no final de setembro, durante uma partida de futebol.
Enquanto no Brasil estamos tentando esfriar o clima de exacerbação típica do Fla-Flu, nossos hermanos estão engalfinhados num confronto mais aguerrido do que o clássico Boca Juniors versus River Plate.
Dos Telespectadores:
Regina Muniz, São Paulo
Me parece que os jornais argentinos dão as informações de forma eticamente mais correta. Será que é porque o povo argentino é mais intelectualizado que o brasileiro?
Juan Martin, Salvador / BA
Não deveria ter alguém para dar o ponto de vista do governo Cristina?
Assista na Íntegra:
Apresentação: Alberto Dines
Como assistir
Participe
Arquivo dos programas anteriores à 29 de maio de 2012
OI nas redes sociais:
Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.