Entra no oitavo dia seguido a operação da prefeitura, com o apoio da polícia no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. As ações começaram na segunda-feira (19) da semana passada. As duas escolas estaduais que funcionam na Maré, atendendo a 1.424 alunos, já estão há oito dias sem aulas. Outras 24 escolas municipais decidiram não abrir as portas no dia de hoje (26). Desde o início do ano, já são 28 dias sem aulas no Complexo da Maré por causa das operações policiais. Ou seja, é um mês letivo praticamente perdido.
A Secretaria Municipal de Educação informou que avalia a cada dia se abre ou não suas escolas e disse que os conteúdos serão recuperados. As aulas perdidas impactam não somente o aprendizado dessas crianças, mas também a sua alimentação, pois elas recebem café da manhã, almoço e lanche. Muitas delas não têm uma alimentação adequada em suas casas.
A organização Redes da Maré, que atua no território, estima que 9.000 estudantes estejam sendo diretamente impactados por causa das operações. “Até hoje, em agosto, já foram 28 dias de aulas suspensas, e isso traz um fenômeno no processo de aprendizagem desses alunos, além de outros impactos que vão para além da apreensão de conteúdo, que é todo o processo de socialização. A gente percebe também o impacto no desenvolvimento físico, emocional e mental, não só dos alunos, mas também dos professores que vivem uma situação de muita insegurança e medo, sem saber se no dia seguinte vai ter aula ou não. A gente não pode ter o combate ao crime organizado violando outros direitos das populações de favelas de periferias do nosso estado”, afirmou Andreia Martins, diretora do grupo.
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