Os pretos e pardos correspondem a 55% da população, mas estão em situação de maior vulnerabilidade. Têm menos acesso a serviços de saúde e tratamentos médicos, e são também a população mais atingida pelas mortes causadas pelo uso de álcool. É o que aponta levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).
“A prevalência de uso abusivo de álcool entre a população branca, preta e parda é muito semelhante; a população preta e parda não está bebendo mais do que a população branca, mas o acesso a tratamentos é muito mais dificultado para essas populações”, destaca Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa.
Segundo a pesquisa, em 2022, a população negra e parda apresentou uma taxa de mortes por álcool 30% maior do que a população branca. Entre os negros, foram mais de 10 mortes por 100 mil habitantes, enquanto a taxa para as pessoas brancas foi de 7,9. No caso das mulheres, 72% das mortes por transtornos mentais e comportamentais ligados ao uso do álcool ocorreram entre pretas e pardas.
Para evitar problemas com álcool, é importante aumentar a conscientização da população sobre os problemas causados pelo abuso e entender que o tratamento contra esse vício pode ser longo, com recaídas, e precisará do apoio da família. “Não tem como tratar a pessoa que é dependente sem tratar o ambiente em que ela vive. Muitas vezes, é necessário que as pessoas que estão iniciando o tratamento entendam a realidade de que vão passar por ciclos de tratamento, e ciclos significam que podem ocorrer recaídas”, afirma o psiquiatra Leonardo Moreira.
“Eu acho que ter um serviço de saúde que seja culturalmente sensível, que esteja atento a essa questão da desigualdade e que não reproduza estigmas, mas que acolha as necessidades específicas dessa população, é decisivo. É muito importante também” conclui Mariana Thibes.
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