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Caminhos da Reportagem investiga a vida de empregadas domésticas

Programa debate até que ponto esse vínculo é influenciado pelos tempos

O roteiro já é conhecido pelas famílias brasileiras: Marias, Nices, Lourdes e Graças deixam os próprios filhos e passam a viver na casa da patroa, muitas vezes em outro estado. O Caminhos da Reportagem revela como empregadas domésticas e seus filhos sobrevivem a longos anos de separação nesta quinta (27), às 22h, na TV Brasil.

O programa "O Quarto dos Fundos", com reportagem das jornalistas Aline Beckstein e Bianca Vasconcellos, foi finalista do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos concedido pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

Esse Caminhos da Reportagem concorreu ao reconhecimento com outras produções de Televisão na categoria Imprensa. A matéria foi ao ar originalmente no dia 10 de março de 2016.

Dos tempos da escravidão ao século XXI, o quarto dos fundos, segundo arquitetos e historiadores, seria a continuação da senzala, instalada seja num apartamento minúsculo ou numa casa grande.

De acordo com os entrevistados, o Brasil é o único país que tem nas plantas de casas e apartamentos - mesmo os menores - um quarto dos fundos, destacado da casa, próximo à cozinha ou à área de serviço.

O Caminhos da Reportagem também discute a legislação trabalhista que regulamenta o trabalho da empregada doméstica. Ela prevê o pagamento de hora extra, adicional noturno e folha de ponto entre outros direitos trabalhistas. Seria a carta da alforria das empregadas domésticas ou motivo para o desemprego?

Nessa matéria especial, a socióloga Heloisa Fernandes faz revelações sobre a trajetória de um dos principais intelectuais do Brasil, seu pai, o sociólogo Florestan Fernandes, filho de Maria, uma empregada doméstica. Heloisa se emociona ao fazer uma descoberta durante a entrevista.

A empregada doméstica Maria de Lourdes passou boa parte da vida morando na casa dos patrões e não acompanhou o crescimento do filho. Já Lissa Sousa sempre ouviu da mãe - uma ex-empregada doméstica - que deveria estudar para não ter de trabalhar dentro de uma cozinha.

Anna Muylaert reflete sobre questão no drama "Que Horas Ela Volta?"

O Caminhos da Reportagem também entrevista a cineasta Anna Muylaert que debate o tema no premiado filme "Que Horas Ela Volta?". O drama foi reconhecido internacionalmente por críticos da sétima arte no Festival de Sundance, nos Estados Unidos e no Festival de Berlim, na Alemanha.

O longa, que aborda os conflitos entre uma empregada doméstica e seus patrões de classe média, critica as desigualdades da sociedade brasileira. "Comecei a pensar nesse filme há 20 anos quando meu filho nasceu e me fez perceber como a maternidade é desvalorizada no Brasil".

Para a diretora, o panorama revela a "preguiça" da elite brasileira. "Essa incapacidade de fazer as coisas em casa tem um efeito negativo. Ficar sentado pedindo 'Traz isso, traz aquilo'. Essa situação termina em depressão e não é bom para ninguém", afirma.

Anna acredita que a situação está mudando. "O quarto dos fundo é a periferia da casa. É um lugar sem conforto nenhum destinado ao empregado morar. A gente trouxe isso por 500 anos. É um reflexo da sociedade. Já passou da hora de mudar. Há dez anos, existiam 22% de empregados que dormiam no serviço. Hoje, são apenas 2%", pondera.

Serviço:
Caminhos da Reportagem - quinta (27), às 22h, na TV Brasil

Clique aqui para saber como sintonizar a programação da TV Brasil.

Criado em 25/07/2017 - 16:30 e atualizado em 25/07/2017 - 16:30

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