Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Turquia, Recep Erdogan, travam uma queda de braço que está afundando a economia turca. A lira caiu 14% em relação ao dólar na sexta-feira e levou as bolsas asiáticas a uma baixa geral nesta segunda-feira (13).
O motivo da disputa, que transbordou para a lira, é o pastor norte-americano Andrew Brunson, preso na Turquia desde 2016, acusado de espionagem. Para os Estados Unidos, ele é um refém político.
O presidente Erdogan ameaça trocar a parceria com Washington por Moscou e se queixa que um pastor valha mais do que ele, um estratégico membro da Aliança do Atlântico Norte (OTAN). A diplomacia da força de Trump impôs sobretaxas ao aço e alumínio à Turquia. O Congresso americano aprovou uma legislação que condiciona a entrega de aviões F-35 à força aérea turca à libertação do pastor.
Erdogan e Trump estão em campos opostos na Síria, um atacando e outro protegendo os curdos. O que pode a Turquia, como retaliação, é comprar petróleo iraniano, violando as sanções com as quais os Estados Unidos pretendem sufocar o Irã. O tombo da lira leva junto outras moedas de países emergentes e detona o alarme em vários bancos europeus que guardam ativos turcos.
O próprio Erdogan tem certa culpa na crise financeira: ele apostou que juros baixos resultariam em inflação baixa e nomeou o seu genro como ministro das Finanças. O resultado: a inflação saiu de controle, agora em 15,9% quando deveria estar em 5%. Há um provérbio turco que o presidente Erdogan parece ter esquecido: "Escute cem vezes, pondere mil e fale apenas uma vez".
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