Entre os temas das comemorações do 7 de Setembro deste ano está o direito humano de acesso à saúde e ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. E não dá para falar de saúde nessa idade sem falar de vacinação, um dos eixos a serem abordados hoje em toda essa festa.
Para falar desse tema tão importante, a TV Brasil entrevistou o médico sanitarista Gonzalo Vecina, uma das maiores autoridades em vacinação no Brasil. Acompanhe o resultado dessa conversa.
"A vacinação tem que cobrir pelo menos 70% a 80% da população; nossos alvos são sempre 90%. Quando eu tenho uma cobertura elevada de vacinação, o microrganismo responsável por aquela doença, seja um vírus, seja uma bactéria, deixa de circular, e as pessoas que não tomaram a vacina (sempre tem alguns que não tomam a vacina) ficam protegidas. Por isso que a vacinação é compulsória e está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Não é uma decisão do pai ou da mãe vacinar a criança. A criança tem que ser vacinada, e ao ser vacinada, ela protege todas as crianças e também protege as outras fases da vida.
Nós conseguimos erradicar a varíola, graças à vacina. A varíola é uma doença terrível. Fomos um dos primeiros países do mundo a erradicar a varíola. Fomos um dos primeiros países do mundo a erradicar a poliomielite, a paralisia infantil, outra doença terrível. Nós precisamos levar boa informação para os pais sobre a eficácia e a capacidade das vacinas de proteger a saúde das nossas crianças. Além de produzirem efeito, elas são produtos seguros. Não há notícia nenhuma de mortalidade por causa de vacina.
Vacinamos milhões de idosos, mesmo com a covid-19, que tivemos um certo aí, gente achando que a (vacina) da covid ia transformar gente em jacaré, nós usamos 750 milhões de doses de vacinas aprovadas aqui no Brasil e não tivemos efeitos colaterais importantes. Nós tivemos uma mortalidade elevada, de 700 mil mortes, porque vacinamos tardiamente. Países que começaram a vacinar mais cedo e tiveram muito menos mortes do que nós. Então, conhecimento é fundamental, e a capacidade de difusão do conhecimento pelo Ministério da Saúde, pelas secretarias estaduais e municipais é vital para levar a informação correta à população.
Do outro lado, temos as chamadas fake news. Atrás de uma fake news, tem um pacote de dinheiro. Todo sujeito que distribui notícia falsa está vendendo alguma coisa no lugar daquilo que está sendo levado como informação errada para a população.
As crianças não foram feitas para morrer, foram feitas para viver e transformar esse vale de lágrimas em um mundo melhor. Então, temos que dar essa chance a elas, combatendo as fake news e levando informação de boa qualidade para a nossa população, como vocês estão fazendo."
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