Apresentado por Ancelmo Gois e Vera Barroso, o programa conta a história do personagem Macunaíma, obra-prima de Mário de Andrade, de 1928. Macunaíma é um índio Tapanhuma, que vivia na Amazônia, cuja principal característica a preguiça é descrita pelo poeta, romancista, crítico de arte e ensaísta não como defeito ou cunho do brasileiro, mas como alegoria criada para definir a idéia de uma nação em formação. O personagem é uma das expressões que mais caracterizam o modernismo brasileiro.
Ancelmo Gois entrevista o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil que, do alto de seus 66 anos, revela que já trabalha há 48 e que, "só existe preguiça porque existe desemprego". "O mito da preguiça proporciona ao brasileiro se impor como um ser contemplativo, numa dimensão do gosto pelo lazer e pela afabilidade", afirma, admitindo, no entanto, que existe uma tentativa de desqualificar o cidadão do Brasil, baseado num modelo de exploração internacional de trabalho para a sustentação do capital.
Vera Barroso entrevistou o poeta e crítico Ferreira Gullar, que fala sobre a importância de Macunaíma para o movimento modernista de 1922 e explica porque o personagem é considerado "um herói sem caráter". Na Bahia, entrevista Maria Helena Ochi Flexor, professora da UFB (Universidade Federal da Bahia), autora e especialista em leitura de documentos históricos.
No local, a equipe conheceu a Ladeira da Preguiça, centro antigo de Salvador, via histórica em que os escravos subiam carregando mercadorias desembarcadas no porto da Bahia e, por pararem, de tempos em tempos, criou-se o "mito do negro preguiçoso", que se estendeu ao povo baiano e, depois, ao povo brasileiro. Ladeira da Preguiça também é letra e música de Gil (1971), cantada por ele no programa.
A preguiça baiana, mais do que famosa, é vítima de preconceito. O pólo de Camaçari e o Centro Industrial de Aratu são exemplos de eficiência e modernidade. Para comentar o assunto, Jorge Lins Freire, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) falou sobre produtividade.
A equipe do De Lá pra Cá registrou também os depoimentos do economista André Urani, da feminista Rosiska Darcy e da historiadora Mary Del Priore.
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