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A mídia na semana

Confira no texto abaixo quais foram os principais temas da semana na opinião de Alberto Dines.

 

Palavra mágica, adorada pela mídia, superação tornou-se sinônimo de heroísmo pessoal. Superar um câncer deixou de ser uma vitória da ciência ou da medicina, a mídia prefere atribui-la aos dotes pessoais dos pacientes. E quando um caso de superação ocorre na esfera esportiva, a celebração do heroísmo chega ao delírio. Ninguém poderia imaginar que no intervalo de poucas semanas dois deuses da superação despencassem fragorosamente do pedestal: em janeiro passado, o americano Lance Armstrong, lenda do ciclismo mundial, que venceu uma metástase e continuou o seu ciclo de sete vitórias na “Tour de France”, finalmente admitiu o uso de um sofisticado sistema de dopping. Na semana passada, o formidável atleta e para-atleta sul-africano Oscar Pistorius, diversas vezes campeão olímpico, que teve as pernas amputadas na infância, foi preso sob a acusação de ter premeditado o assassinato da namorada, apresentadora de tv, com quatro tiros. A mística da superação precisa ser repensada antes que a mídia perca o resto de credibilidade e ela própria se converta num ídolo caído.

 

A grande festa do Oscar deve premiar o que o cinema produz de melhor, mas é pensada e realizada para atender ao negócio da televisão. Esta contradição explica as melancólicas escolhas do último domingo. Ficou evidente o interesse em despolarizar os prêmios, quanto mais filmes premiados mais filmes serão exibidos na tevê. E quanto mais glamourizados e inofensivos forem estes filmes mais se agrada ao público televisivo que busca apenas o entretenimento. Acontece que hoje quem vai ao cinema busca outros atributos, quer arte, cultura, temas candentes que não são valorizados na tevê nem na mídia impressa. Tirar o prêmio de Emannuelle Riva como melhor atriz é uma das maiores injustiças já cometidas pelo Oscar, preferir o roteiro de “Argo” ao de “Lincoln” significa investir contra o Irã e esquecer a mensagem libertária e humanista de “Lincoln”. Desconsiderar o chileno “No” e o israelense “Cinco Câmeras Quebradas” é voltar as costas para a realidade. É evidente que os comentadores da Tv Globo não estavam interessados em discutir estas questões.

Está ficando muito suspeita a rapidez com que a diretoria do Corinthians e da sua torcida escolheu um menor de idade como culpado involuntário pela morte de um adolescente boliviano, na quarta passada em Oruru. Não apenas os dirigentes do clube paulistano, mas também autoridades desportivas e diplomáticas brasileiras estão empenhadas em encerrar o incidente da forma mais rápida possível. A mídia também não quer atrapalhar o seu ganha-pão, a irresponsabilidade de um torcedor põe em risco a temporada de grandes eventos desportivos globais que começam neste ano.




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Criado em 26/02/2013 - 20:37 e atualizado em 26/02/2013 - 20:37

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